Estudantes do Instituto Federal Goiano (IF Goiano), em Catalão - Região Sul de Goiás -, desenvolveram um identificador de cédulas de dinheiro para deficientes visuais. O dispositivo portátil usa um sensor de cores para informar aos usuários, por meio de áudio, o valor de cada nota. Professor do curso técnico em Informática e responsável pelo pesquisa, Eduardo Castilho diz que a equipe agora busca aperfeiçoar o protótipo e conseguir financiamento para fabricá-lo e distribuí-lo junto a alguma instituição de apoio.
A ideia foi aprovada pelo deficiente visual e aposentado Franciel de Assis Vaz, de 35 anos. Morador de Catalão, ele participou dos testes realizados pela turma do curso técnico em Informática. “Tem muitas pessoas que usam de má-fé com a gente. Já recebi e voltei troco errado”, conta. Ele perdeu 100% da visão há 15 anos, por conta de um acidente de motocicleta, e tem dificuldades para diferenciar uma cédula da outra.
O aposentado conta que mesmo após a mudança do tamanho das cédulas, feita justamente para diferenciar o valor de cada uma delas, é difícil diferenciá-las pelo valor. “As notas têm o mesmo papel, não têm alto relevo e as antigas continuam circulando. Quando a nota fica velha, é mais difícil ainda”, relata.
“Estou ansioso para ter o meu aparelho. Não tem segredo para usar e o áudio é bem nítido”, comemora Vaz. O uso é simples. A coloca a ponta de cada cédula no aparelho e, em três segundos, um sensor faz a leitura das cores RGB e reproduz o áudio específico para a cor de cada nota. O programa de computador utilizado foi desenvolvido pelos próprios estudantes.
O leitor testado por Vaz é o segundo protótipo criado pela turma, que iniciou o projeto em agosto do ano passado. “ O primeiro deu bastante problema e errava o valor por conta da luminosidade. Os estudantes pesquisaram e mudaram o sensor. Agora ele consegue fazer a leitura tanto de dia quanto de noite”, diz.
Protótipo
O protótipo tem 15 centímetros de cumprimento e 7 de largura. A equipe agora trabalha para aperfeiçoar o tamanho e funcionalidade do aparelho. “A ideia é que ele fique como um celular. Atualmente ele é portátil, mas com fios expostos. Queremos que ele fique menor e dê para carregar no bolso”, explica o professor Castilho.
Segundo o professor, os alunos tiveram a ideia após ver um reportagem sobre a dificuldade dos deficientes visuais em identificar as notas. De acordo com Castilho, os resultados obtidos com os testes realizados demonstraram a viabilidade e a eficiência do dispositivo.
O projeto ficou entre os finalistas da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizado este mês na Universidade de São Paulo (USP). O trabalho dos estudantes do IF Goiano já foi premiado em uma feira de ciências realizada pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e levou o 2º lugar no Workshop de Inovação da Universidade do Triângulo (Unitri), em Uberlândia.
O professor pede apoio para poder melhorar e produzir o leitor de cédulas. “Pensamos, no futuro, em fazer doações desse aparelho para entidades de ajuda aos deficientes visuais. Precisávamos de alguém para investir na nossa ideia.”
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