segunda-feira, 20 de abril de 2015

PREFEITO DE CAVALCANTE PERDE MANDATO POR SE AUSENTAR POR MAIS DE 15 DIAS


A Câmara de Vereadores de Cavalcante, no nordeste de Goiás, extinguiu nesta sexta-feira (12) o mandato de João Pereira da Silva Neto (PTC), que ocupava o cargo de prefeito, devido ao então administrador se ausentar por mais de 15 dias da cidade sem a autorização dos vereadores. Após a decisão, a Casa empossou a vice-prefeita, Maria Celeste Cavalcante Alves (PSD). De acordo com a defesa do político que perdeu o mandato, ele irá recorrer da decisão.
A legislação municipal determina que o prefeito não pode se ausentar por mais de 15 dias sem ter a autorização da Câmara. Entretanto, segundo a prefeita empossada nessa tarde, Maria Celeste, João Neto deixava o município constantemente e por longos períodos, o que a motivou a entrar com uma representação, no último dia 25, contra o então administrador.
O advogado Reginaldo Martins, que representa o prefeito destituído, afirma que João Neto está sendo vítima de uma retaliação política por parte dos vereadores. “Em 2013, João Neto sofreu uma tentativa de extorsão por parte de alguns vereadores que exigiam R$ 250 mil para aprovar matérias de interesse do município. Ele filmou e fez uma denúncia criminal contra os vereadores. Desde então ele sofre essa retalhação”, explicou.“A cidade está abandonada. Isso é um desrespeito com a população. Eu fiz essa representação pelo clamor popular. O prefeito some e hospitais e escolas não funcionam, nossos fornecedores não conseguem receber, porque o prefeito nunca é encontrado para fazer os pagamentos”, relatou Maria Celeste. Ainda segundo a prefeita empossada, um dos motivos da ausência de João Neto é o comércio que possuiu em Aparecida de Goiânia: “Ele passa mais tempo lá cuidando dos negócios dele do que em Cavalcante”.
Ainda segundo o defensor, existem provas de que João Neto estava no município durante todo tempo e jamais se ausentou por mais de 15 dias de Cavalcante. Sobre a acusação de que administraria um comércio em Aparecida de Goiânia, o advogado explica que, na realidade, a gestão do estabelecimento é feita por familiares do político. Martins afirma que já está preparando um pedido de recurso para derrubar a decisão dos vereadores.
Tentativa de extorsão
Em setembro de 2013, três vereadores da cidade foram presos após serem flagrados recebendo uma maleta com R$ 20 mil (veja vídeo). Segundo a Polícia Civil, o dinheiro seria parte dos R$ 250 mil que os parlamentares pediram ao prefeito da cidade, João Neto, para que projetos fossem aprovados na Câmara de Vereadores. À polícia, os políticos negam a extorsão e afirmam que desconheciam o conteúdo da mala.
A denúncia partiu do próprio prefeito, e de seu filho, Wolney Neves, que é secretário de Turismo de Cavalcante. Eles alegavam que as tentativas de extorsão eram recorrentes e que por isso decidiram denunciar e gravar as imagens.
No mesmo dia da gravação, antes de entregar o dinheiro, o filho do prefeito se encontrou com os vereadores. O encontro aconteceu no estacionamento de um shopping de Goiânia.
A conversa foi registrada por Neves, que finge tentar negociar a data da entrega do dinheiro: "Não dou conta de levantar esse dinheiro e entregar hoje para vocês. Vou ser sincero para vocês. Só para mostrar um sinal de fé, eu tento arrumar R$ 20 mil e entrego hoje no final do dia para vocês".
O filho do prefeito contou ao G1 na época que os vereadores pediram R$ 300 mil. "Pedi que eles diminuíssem o valor para R$ 250 mil. Então combinamos de repassar a primeira parcela quando o evento na OVG acabasse”, conta Neves.
Como combinado, o secretário e os vereadores se encontram no final da tarde em frente à sede da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), na capital, onde autoridades estavam reunidas para um evento de doação de ambulâncias aos municípios. A situação também foi gravada em uma câmera escondida. No vídeo, Neves diz: "Arrumei os R$ 20 mil e deixei aí. Está tudo separadinho aí".
Com as imagens do encontro no shopping, José Neto e o filho foram à Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Derccap) e contaram do encontro para o pagamento da primeira parcela. Policiais acompanharam a entrega do dinheiro e prenderam os vereadores.
O delegado Marco Antônio Morbeck afirmou que os três parlamentares prestaram depoimento, acompanhados do advogado. “Eles negam a extorsão. Dizem que não sabiam nem o que tinha na maleta. Eles contaram que o secretário disse para eles segurarem a maleta e eles seguraram”, afirmou o delegado.
De acordo com o delegado, os vereadores afirmaram que a extorsão, na verdade, se trata de uma “armação do prefeito”. “Eles disseram que o prefeito fez tudo isso porque eles são da oposição”, ressalta Marco Antônio Morbeck.
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