Campeão de votos nas últimas eleições, o deputado federal Delegado Waldir (PSDB) tem mostrado uma atuação ativa na Câmara dos Deputados, inclusive por rejeitar benefícios destinados aos parlamentares, a exemplo das verbas para moradia em Brasília e hospedagens em hotéis. O deputado, em visita à Redação do Diário da Manhã, frisa que suas despesas estão sendo pagas com recursos próprios e que não usufrui dos benefícios. Delegado Waldir foi o primeiro deputado a também recusar o bolsa cônjuge que oferecia verbas para a esposa por considerar que seria apropriação do dinheiro do povo injustamente.
O deputado explica que não é justo se apoderar deste recurso que poderia ser utilizado para outras finalidades em forma de projetos ou benefícios para a sociedade. Eleito também pela bandeira da segurança pública, Delegado Waldir acredita que a população precisa de pessoas que tenham a coragem de levar ao Congresso Nacional a realidade e buscar soluções. Conhecido por não medir palavras para mostrar os problemas, o deputado tem um grande aliado que são as redes sociais, onde expõe suas opiniões e recebe vários apoios.
Há dois meses na Câmara Federal, Delegado Waldir foi suplente no mandato passado exercendo por cinco meses o cargo e afirma que hoje é um novo modelo de mandato. O parlamentar foi um dos indicados para participar da CPI da Petrobras e, de acordo com ele, é possível observar “a vergonha da política que foi implantada no País semelhante a Lei de Gerson de querer levar vantagem em tudo”. Conforme expõe o deputado, o Brasil “se transformou no País da bandidagem e da corrupção, e isso é vergonhoso”.
Delegado Waldir ainda acrescenta que enquanto os presídios estão abarrotados, alguns dos verdadeiros bandidos estão roubando o povo brasileiro. O deputado relata que muitas vezes já foi questionado sobre sua posição de delegado no Congresso e, no entanto, tem respondido que se estivesse na condição e não como deputado, muitos dos parlamentares estariam presos devido a condutas inapropriadas.
ENTREVISTA
DM: O sr. acha que os políticos que serão investigados pela Operação Lava Jato devem ter os mandatos cassados?
Delegado Waldir: Acho que a partir do momento, hoje existe indícios de provas, uma vez que sejam materializadas essas provas devem ser afastados e cassados assim como foram outros políticos em outros momentos. Nós tivemos na legislatura passada vários políticos cassados, inclusive João Paulo Cunha, José Genuíno e acho que devemos adotar o mesmo perfil. Se amanhã ou depois ficar comprovado que Renam Calheiros, que Eduardo Cunha e que outros senadores tem culpa, eles devem ser cassados, no meu ponto de vista, inclusive o senador do meu partido, o ex-governador Anastasia. Agora a investigação está sendo feita e desde que prove imagens, registros, transferências bancárias que existe muito claro no caso de Collor de Mello, sem dúvida nenhuma sou defensor que haja a cassação dessas pessoas. A política não as merece.
DM: O sr. concorda com o ex-governador Cid Gomes (Pros-CE) de que existem 300 achacadores no Congresso Nacional?
Delegado Waldir: Na verdade ele esteve lá em plenário e reafirmou o que ele falou “aqui nós temos mais de 300 achacadores” que são os deputados que são base de sustentação da presidente Dilma e falou isso para Eduardo Cunha. Agora cabe a ele provar isso, mas disse que os deputados batem em sua porta e tem pressionado o governo por mais espaço para não votar projetos de interesse do governo e ele considera essas pessoas achacadores. Ele falou isso e tem que provar. As pessoas que ele provar que são achacadores sem dúvida nenhuma tem que perder o mandato. Mas ele foi muito claro, afastou o PSDB, a oposição e disse que são os deputados do governo. Ele é da base do governo, mas apontou o dedo para Eduardo Cunha e disse que prefere ser chamado atenção do que ser achacador.
DM: Recentemente uma pesquisa DataFolha divulgou uma pesquisa em que apenas 9% da população brasileira confiam e dão credibilidade aos membros do Congresso Nacional. O sr. não acha que é um índice muito baixo?
Delegado Waldir: Concordo que é um índice baixíssimo, mas ao longo do tempo deputados federais e senadores deixaram de produzir matérias importantes. Para se ter uma ideia a matéria da redução da maioridade penal está parada há mais de dois anos na Câmara Federal, então tem muitos outros projetos que precisam caminhar. Nós vivemos num clima de insegurança não apenas pela falha do Executivo, mas também por falha do Legislativo. Eduardo Cunha se comprometeu em fazer caminhar todos os projetos de segurança pública. Então acho mesmo que temos que recuperar, mas também não podemos colocar todos os políticos em uma mesma bandeja. Se for fazer uma avaliação individual de cada agente político, você poderá ver que nem todos tem a mesma avaliação. Acredito que tenha políticos com avaliação extremamente positiva. Cito meu caso que nas redes sociais tenho mais de 430 mil seguidores e cada projeto no dia dia é meu trabalho e tenho trazido para a comunidade. Fui o primeiro parlamentar que abriu as emendas pra consulta popular. Destinei R$ 10 milhões em emendas positivas através de consulta ao cidadão.
DM: Como o sr. avalia o pacote de combate à corrupção apresentado pela presidente Dilma Rousseff?
Delegado Waldir: Muito frágil ainda. Muitas das medidas já foram propostas 10 anos atrás e vi que o Ministério Público foi mais diligente nas propostas. Houve uma proposta concorrente com a do Ministério Público que são mais eficazes e acho o seguinte, se nós queremos acabar com a corrupção no País e ela está muito voltada para a questão das empreiteiras e de obras. Em outros países existe um artifício em que toda obra é segurada. Vamos supor em que se construa uma delegacia e que custa R$ 250 mil e a empresa tem seis meses para concluir a obra e não pode fazer nenhum aditivo. Desta forma em seis meses se não concluir aquela empresa que segurou a obra tem que concluir no prazo. Mas hoje, infelizmente, as empreiteiras já sabem que podem fazer vários aditivos por meio de uma combinação já antecipada e, geralmente, também estão implantados porcentagem de propina. Isso é vergonhoso. Quantas obras estão há meses paradas? Vejo dessa forma e nós temos que criar um artifício pra tentar inibir essa corrupção.
DM: Eduardo Cunha garantiu que a partir de maio começa a discussão sobre a reforma política. O sr. acredita que agora essa proposta poderá ser desengavetada?
Delegado Waldir: Vai ser desengavetada. Tenho certeza disso. Isso é um compromisso do PMDB, PSDB e foram instaladas várias comissões, pois o País não suporta mais o modelo político que temos hoje e é impossível manter ‘Tiriricas’ da vida. Eleições proporcionais onde candidatos de extremo potencial, com excelente votação e não são eleitos devido ao nosso regime eleitoral. É um absurdo você obrigar o cidadão a votar. Nós vivemos em uma democracia e nosso eleitor tem o direito de escolher se ele quer votar ou não. Sou defensor da liberdade do voto e acho que não temos que criar restrições a ele. Também sou favorável ao voto distrital e a redução do mandato dos senadores e suplentes. Acho que os candidatos também poderiam se candidatar sem necessariamente terem um partido político porque grande parte dos partidos políticos não possuem ideologia. Na verdade são máquinas de fazer dinheiro e tem sido usado por muita gente para colocar a mão no dinheiro do povo. São poucos os partidos ideológicos e sou a favor que se reduzam os partidos, mas que se tenha a possibilidade de ser candidato independe de partido. Minha eleição vem dessa necessidade de modelos novos.
DM: As mudanças a partir da reforma política pode ser a médio prazo?
Delegado Waldir: Acredito em mudanças. Quando colocarmos políticos e donos de empreiteiras atrás das grades, aí sim teremos um início de mudanças. Nós temos um novo poder Judiciário que também ficaram surpresos com a fragilidade do sistema de corrupção. Não temos outro remédio, precisamos de mudança. É claro que nós vamos acabar com a corrupção, mas podemos criar ferramentas para reduzir a bandidagem.
DM: Como o sr. analisa a atual situação do governo federal?
Delegado Waldir: Dilma vem de um sistema viciado e permitiu que se roubasse demais na Petrobras. Ela não é novata na política e sob os olhos dela houve todo esse esquema de corrupção. Aí a pessoa me olha com cara de estátua e diz que não viu nada. É vergonhoso. Ela é culpada como qualquer outro que esteja no esquema e vamos levar ruma ao impeachment.
“O pacote de combate à corrupção apresentado por Dilma é muito frágil ainda. Muitas das medidas já foram propostas há 10 anos atrás e vi que o Ministério Público foi mais diligente nas propostas”
“Nós vivemos num clima de insegurança não apenas pela falha do Executivo, mas também por falha do Legislativo. Eduardo Cunha se comprometeu em fazer caminhar todos os projetos de segurança pública”
“Acho que a partir do momento que forem materializadas essas provas da Lava Jato, os políticos devem ser afastados e cassados assim como foram outros políticos em outros momentos”
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