A sombra ontem estava disputada na capital. Não foi difícil flagrar pessoas que entraram e saíram das lojas no Centro da cidade apenas para se refrescar no ar-condicionado. “Três em cada 10 pessoas que entram na loja nessa época vêm por causa disso. Tem gente que para, fica debaixo e não está nem aí”, conta o vendedor Carlos Silva. “O problema é quando você atende essas pessoas e perde uma venda”, reclama.
Não é por menos. Ontem foi o dia mais quente do ano em Goiânia. A temperatura chegou à casa dos 39° Celsius durante a tarde. A sensação térmica passou dos 40°C. Foi também a data mais seca do mês até agora com umidade relativa do ar em 11%, uma das piores do ano.
A menor umidade foi registrada no dia 18 de setembro - apenas 9%, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). “É um recorde atrás do outro. A onda de calor naquela época foi baixando a umidade do ar de 15%, para 12% até chegar em 9% com o passar dos dias. Essa semana poderemos ter o mesmo resultado. Abaixo de 12%, como na quarta-feira, já entra em estado de alerta”, analisa a chefe do Inmet em Goiás e Tocantins, Elizabeth Alves Ferreira.
Segundo o site Climatempo, a umidade relativa do ar chegou a 10% em Goiânia.
Elizabeth lembra que a temperatura de ontem, no entanto, ainda não bateu o recorde do ano passado. “O dia mais quente foi em 17 de outubro de 2014 em Goiânia, quando os termômetros atingiram 39,4°C, o mesmo recorde registrado em 2007”, acentua.
Oportunidade
Para Adão José Muniz, o calor não é de todo mal. Vendedor de picolé, ele tem faturado com as altas temperaturas. Muniz estima que tenha vendido apenas ontem cerca de 70 picolés. “E esse não foi um dos meus melhores dias.” A média dos dias anteriores é em torno de 80.
O problema é que ele percorre diariamente cerca de 8 quilômetros com o carrinho recheado de sorvetes. “Está complicado, mas temos que correr atrás do nosso sustento”, diz.
O gari Charles Alves de Lima está na mesma situação. Trabalha durante o dia com a roupa característica do ofício. “É nossa função. A gente se protege como pode, com chapéu e jaleco para evitar as queimaduras do sol, só que nem sempre é possível. Graças a Deus, nunca passei mal, mas amigos meus já passaram.”
A orientação da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), segundo ele, é “para se hidratar bastante”. “É um sacrifício que a gente faz para manter a cidade limpa, organizada”, completa.
Até mesmo o futebol durante a tarde no Setor Pedro Ludovico ficou prejudicado. O tempo seco dificultou a atividade física. “Foi o que Deus nos proporcionou”, resigna-se o eletricista Paulino Alves, conhecido na “pelada” como Pituca.
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