O Dia das Crianças é uma data comemorada em diferentes países. De acordo com a história e significado da comemoração, cada país escolhe uma determinada data e certos tipos de celebração para lembrar-se de seus menores. Ao mesmo tempo, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) convencionou o dia 20 de novembro para se comemorar o dia das crianças. A escolha desta data se deu porque nesse mesmo dia, no ano de 1959, o UNICEF oficializou a Declaração dos Direitos da Criança. Nesse documento, se estabeleceu uma série de direitos válidos a todas as crianças do mundo como alimentação, amor e educação. No caso brasileiro, a tentativa de se padronizar uma data para as crianças aconteceu algumas décadas antes. Em 1923, a cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, sediou o 3º Congresso Sul-Americano da Criança. No ano seguinte, aproveitando a recente realização do evento, o deputado federal Galdino do Valle Filho elaborou o projeto de lei que estabelecia essa nova data comemorativa. No dia 5 de novembro de 1924, o decreto nº 4867, instituiu 12 de outubro como data oficial para comemoração do Dia das Crianças. No entanto várias questões precisam ser pensadas e discutidas, tem o que se comemorar? Além de uma data comercial é preciso um olhar profundo na questão social, isto é, onde as crianças que não chamam a atenção, não são alvos da mídia comercial, que não são contadas para alavancar as vendas e também que não são alvos das instituições que teoricamente deveriam se preocupar com elas, estão. Onde essas crianças estão quem são esses pequenos, como vivem, o que passam, como é o convívio familiar, o que tem, o que falta, o que pode ser feito, são questões relevantes que muitas vezes ficam na teoria e no esquecimento. Comemorar o dia das crianças uma vez ao ano não é nada difícil, o difícil é pensar e agir com elas e por elas 365 dias no ano, pois suas necessidades tão lembradas nesta data seguem precisando de socorro durante todo ano. É preciso sensibilidade e um ardoroso desejo de fazer algo para mudar a história dessas pequenas pessoas que podem mudar a história desta nação. Seguindo a linha dos direitos declarados pela UNICEF, a alimentação aparece como um dos pontos chave. Quando se pensa em alimentação, claro que o que vem em mente é o arroz nosso de cada dia, e é sem dúvida um ponto importante, a desnutrição ainda hoje é um problema de grande monta no país. Crianças estão morrendo de fome não somente nos em regiões pobres e esquecidas do país, mas debaixo do “nariz” da sociedade de forma geral, esta por sua vez em sua grande maioria assiste culpando o governo pela falta de estrutura, corrupção, etc. Não é pretensão aqui eximir o governo de suas obrigações, mas a sociedade como corpo teoricamente organizado tem sua responsabilidade com a causa sim, afinal é um ou vários seres humanos que estão à margem precisando e gritando por socorro. Como igreja é preciso agir, levar literalmente o pão a quem precisa. Este é com certeza absoluta o desejo de Deus. Abrindo um pouco mais esse assunto, essas mesmas crianças precisam além de um socorro físico/material de um outro tipo de alimento como diz a declaração dos direitos da criança, de um alimento que parte da alma, do coração. Um alimento de amor, carinho, atenção, presença física constante, elas precisam de um bom referencial e apoio. Este também é papel da sociedade organizada e também da igreja como organismo vivo. É impressionante quando se está ao lado dessas crianças, quando se anda com elas, se envolve literalmente, se percebe o quanto são carentes de uma palavra amiga, de um abraço caloroso, de uma palavra de animo. É preciso nutrir essas crianças de amor e com amor. Usando uma expressão que esses pequenos usam, “é preciso colar neles e com eles”, é preciso se ligar a eles para entender e sentir o que sentem, e isto, demanda tempo, atenção, coragem, desprendimento e muito senso de solidariedade, é preciso não ter “nojo” de gente. Se a sociedade, igreja, e entidades afins não fizerem, alguém fará, principalmente o crime. (drogas, roubo, marginalização de forma geral, o trabalho escravo). Seguindo a linha dos direitos da criança, a educação é item prioritário, mas São Paulo, por exemplo, está preste a viver um fechamento de mil escolas (Mil). Como pode uma situação desta. Além de não oferecer um ensino de qualidade, pois falta infraestrutura, professores desassistidos, humilhados e que sofrem também por seus alunos com todo esse desinteresse político, agora se veem na iminência de perderem escolas. A educação nunca foi prioridade neste pais de gente simples e altamente capaz. Educação que é lembrada com ênfase nas campanhas políticas é pouco enfatizada no dia a dia das crianças. Muitos perdem com isto, paradoxalmente, muitos ganham. O país é de fácil governo quando seu povo aceita todo tipo de situação e domínio. O carente ajuda a eleger seus representantes e se submete aos programas sociais muitas vezes com muita humilhação, pois não lhe resta outra opção. Esses programas tem sua validade, claro que tem, mas além de dar o peixe é preciso ensinar a pescar, e isso significa oportunidades a partir de uma educação planejada, estruturada e que atenda a todos de uma maneira mais igualitária possível, e é o que não acontece. Outros tantos assuntos ainda poderiam ser abordados aqui, como moradia, saúde, esporte e lazer. Algo preocupante também são os filhos órfãos de pais presentes, ou seja, crianças abandonadas dentro da própria casa, pais que não cuidam, não amam, não escutam seus filhos e que acabam eles sendo adotados pelo mundo. Isto é um retrato da desestrutura e desequilíbrio familiar o que pode gerar filhos desequilibrados e desestruturados. Em todas essas áreas a carência é muito grande e precisa ser atendida. Concluindo esta reflexão através de um olhar bíblico, é facilmente perceptível a preocupação divina com relação às crianças. Percorrendo o Antigo Testamento até chegar ao Novo Testamento, vários são os textos que atestam esta preocupação. Provérbios 22:06 Ensina à criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, dele não se há de afastar. Lucas 18:16 Jesus porém, chamando-as a si, disse: deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus. Pense nisto: Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade. 1 Jo. 03:18. Não podemos passar pela vida sem marcar a vida de alguém positivamente, principalmente os pequenos. Feliz dia das crianças. Pr. Flávio.
(Flávio Martins Cardoso, pastor da 1ª Igreja Batista Independente em Anápolis.Go, formado pelo Seminário Teológico Batista Independente em Goiás. STBIEG, professor: Seminário Teológico, discente: Sociologia e História – UNIP, capelão pela Aliança dos capelães do Brasil – pastorflaviofzr@hotmail.com)
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