sábado, 12 de janeiro de 2019

Número de mortes no trânsito em Goiânia cai 30% em 3 anos


Nos últimos três anos, o número de mortes em Goiânia decorrentes de acidentes nas vias urbanas teve quedas consecutivas, sendo o índice para o período igual a 29,9%. Em 2016 foram 244 óbitos e em 2018, 171, de acordo com dados da Delegacia de Crimes de Trânsito (Dict). Se for observado o número correspondente aos últimos cinco anos, a diferença é ainda maior, sendo o primeiro ano da sequência, 2014, igual a 290. O resultado é atribuído pela Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade (SMT) a um projeto de educação integrado à fiscalização na capital.
De acordo com o titular da SMT, Fernando Santana, Goiânia tem hoje 424 faixas fiscalizadas por 237 equipamentos eletrônicos e 78 prontas (51 fotossensores) que aguardam, diz ele, a aferição pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) para funcionar. A meta é chegar a 643. Os agentes de trânsito são 312, que têm quatro radares estáticos para o trabalho de monitoramento da velocidade.
Para Santana, “a fiscalização é parte de um processo de educação de trânsito” composto pela atuação dos agentes, campanhas de comunicação, e cursos presenciais. A SMT realizou em 2018, formações presenciais educativas para 50 mil pessoas.
O maior número de infrações, de acordo com o secretário, e também com o Detran Goiás é de excesso de velocidade. Para ele, a fiscalização eletrônica cumpre um papel importante para esta questão. “Está bem comprovado que, a partir do momento em que você instala a fiscalização eletrônica, o comportamento do motorista muda de imediato, independente dele estar funcionando ou não”, diz Santana.
Com mais equipamentos de olho nos condutores, o número de infrações apuradas cresceu, afirmou o secretário, embora não tenha apresentado os dados. Os agentes de trânsito, sustenta o secretário, são orientados a trabalhar primeiro com abordagens educativas antes de lavrar autos de infração. O número de profissionais com esta função hoje é de 312, mas deveria ser de mil na visão de Fernando Santana.
Críticos
De olho no número de mortes, em maio de 2016, a SMT levantou os dez cruzamentos com maior número de acidentes. Para estes pontos foram providenciados fiscalização eletrônica, rotatórias, sinalização e semáforos, de acordo com a necessidade específica. “Isso tudo com o objetivo de reduzir o número de acidentes e aumentar a segurança de quem está circulando por estes pontos”, reforça Fernando Santana.
Infrações contabilizadas pelo Detran-GO aumentam 10,1% em Goiânia
Os dados do Detran GO, que levam em consideração os números da Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade e Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas somaram 1,01 milhão de infrações registradas em Goiânia em 2018. O montante representa um acréscimo de 10,1% em relação ao ano anterior, quando os desrespeitos à legislação que rege a circulação nas vias chegou a 919 mil casos.
A infração mais comum notificada foi o excesso de velocidade com 555.921 registros, sendo que destes, 75.193 foram flagrados circulando acima de 20% do limite e inferior a 50%.
Na sequência do ranking, aparecem: deixar de transferir o veículo em 30 dias (55.091), avançar o sinal vermelho/parada obrigatória (42.169), transitar em faixa exclusiva para ônibus (41.368), deixar de usar farol baixo acesso durante o dia (36.816). O último chama a atenção porque representou uma significativa redução deste tipo de irregularidade em relação ao ano 2017, quando 812.452 condutores foram flagrados desrespeitando esta norma. O não uso do farol baixo foi a segunda notificação mais comum naquele ano.
Diferentemente de Goiânia, o Estado teve uma redução nas infrações de trânsito de 8,2%. Ainda assim, foram apuradas 2,94 milhões de multas.
3 perguntas para Benjamin Jorge
Doutor em Engenharia de Transportes vê influencia significativa do incremento na fiscalização à redução no número de mortes no trânsito

1 - Como o senhor vê a relação entre fiscalização e redução de mortes?
Existe uma relação muito forte entre a fiscalização e a redução no número de acidentes. Acontece que, se a gente consegue reduzir também a velocidade dos veículos, também a gente vai conseguir reduzir a severidade dos acidentes. Os acidentes com menor severidade podem acarretar em vítimas, mas vítimas não fatais.
2 - O senhor acredita que o ritmo de aumento na fiscalização está a contento da necessidade?
Acontece que realmente nos últimos três anos, nós vemos a instalação de mais pontos de lombadas eletrônicas e fotossensores. Está em um ritmo adequado, mas tudo passa por um planejamento. Se existe um levantamento onde foram detectados pontos críticos na ocorrência de acidentes, estes locais deverão, prioritariamente, seguir mais rápido a implantação dos equipamentos de fiscalização. O que tem sido feito até agora está satisfatório, mas o ideal seria um planejamento em cima dos levantamentos dos pontos críticos. Com isto, poderíamos fazer um monitoramento e a gente racionalizaria o uso deles.

3 - Porque o senhor acredita que a população tem a percepção que o Estado tem um foco maior na fiscalização do que na educação?
A gente não é conscientizado para a importância de obedecer as normas de circulação. Quando nós somos flagrados pela fiscalização, temos que pagar uma multa, normalmente tem esta reação. Então, eu até defendo que nem todos pontos multassem as pessoas, colocassem equipamentos no sentido figurado. Se a gente tivesse o agente em uma proporção menor, e que esse agente fosse treinado para orientar as pessoas em primeiro lugar antes de punir, seria melhor.
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