Parte dos abusos sexuais supostamente praticados pelo líder espiritual Nilson Alves de Sousa, de 49 anos, contra três meninas de 7, 10 e 13 anos, estão registrados em um diário que era escrito à mão por ele mesmo. O caderno e outros objetos, como mantos e velas foram apreendidos na barraca onde ele mora e realizava os atendimentos, em uma área rural às margens da GO-221, a 8 km de Caiapônia (334 km de Goiânia).
Ele está preso por conta da suspeita dos crimes de abuso, assim como a avó das meninas, Noêmia Cândida de Jesus, de 42 anos, que é apontada nas investigações como responsável por levar as netas ao local em troca de trabalhos espirituais. Segundo relatos iniciais da mulher à Polícia Civil, ela buscava enriquecimento. O delegado de Caiapônia, Marlon Souza Luz diz que a PC foi acionada pelas mães das crianças, que são filhas de Noêmia, e que estranharam a mudança no comportamento das meninas.
As duas vítimas mais novas, de 7 e 10 anos são irmãs, primas da de 13 anos. Segundo o delegado, ele chegou a ter conjunção carnal com as duas mais velhas. Com a menina de 7 anos, ele manteve sexo oral, masturbação e admitiu ter tocado nas suas partes íntimas.
No caderno, o homem escreve: “Tudo ficou mais forte quando mudamos para o acampamento. Lá (nome) sempre me seduzia (...) teve até penetração com consenso com pênis também”. No caderno ainda consta que “no acampamento com (nome) teve toques com o dedo nas partes íntimas dela muitas vezes também. Com (nome) só parou quando ela começou a sentir dores, mas com (nome) continuou”.
No caderno o líder espiritual diz que chegou a pensar em convidar outro homem para participar do que ele chama de “farras de amor”, mas que o convite não chegou a ser concretizado porque esta pessoa “não teria coragem e só serviria para fazer caridade e para prestar trabalho ao próximo”. O delegado detalha que, ao ser preso, Nilson agradeceu o trabalho da polícia, já que temia que a entidade que o possuía no momento dos abusos poderia pedir algo mais sério das meninas, inclusive a morte delas.
O delegado diz que tem dez dias para concluir o inquérito e que deve ouvir outras pessoas que procuravam o líder espiritual. “É um local muito improvisado. São acampamentos sem qualquer estrutura. Eles estão ali há cerca de quatro meses, mas sabemos que ele é procurado por pessoas ligados à política, profissionais liberais, entre outras pessoas. Queremos saber o que essas pessoas ofertavam em troca dos trabalhos que iam ali buscar”, detalha.
Marlon Souza Luz relata que o mesmo diário contém muitos nomes de pessoas que procuravam por Nilson em busca destes trabalhos espirituais. “Queremos saber o que este homem oferece para que as pessoas o procurem e o que ele pede em troca, queremos saber se mais pessoas, crianças ou não, também foram vítimas de algum abuso”, destaca.
Recorrente
O delegado reforça que a Polícia Civil de Caiapônia realiza um trabalho intenso no combate ao abuso e à exploração sexual infantil no município. “Chego a dizer que a situação está endêmica. Temos mais 15 investigações sendo concluídas nos próximos dias e entendemos que este é um mal que está crescendo por aqui e estamos com nossas forças voltadas para acabar com essa prática aqui”.
A operação deflagrada nesta sexta-feira (4), com o apoio da Polícia Militar, se chama Anjos da Guarda 2. O delegado explica que essa é a segunda operação e que outras serão deflagradas nos próximos dias. “Queremos ser anjos para essas crianças”, diz.
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