sábado, 26 de novembro de 2016

Autor de atentado disse que era 'fácil matar um candidato', afirma delegado


Para a Polícia Civil, o atentado que matou o candidato a prefeito de Itumbiara, Zé Gomes (PTB) e feriu o vice-governador José Éliton foi planejado, mas não teve motivações políticas. De acordo com a força-tarefa que investigou o caso, o autor do atentado, o servidor público Gilberto Ferreira, se sentia perseguido e comentou dias antes do crime que era “fácil matar um candidato”. A conclusão do inquérito foi apresentada na manhã desta sexta-feira (25).
O atentado aconteceu no dia 28 de outubro durante uma carreata de Zé Gomes em Itumbiara, região sul de Goiás. Além do político, morreu o policial militar Vanilson Ferreira. O autor, que era servidor público municipal, foi morto por seguranças logo após o ataque. Imagens de uma câmera de segurança mostram a ação do atirador, que baleou, além do vice-governador, o advogado Célio Rezende e o motorista da caminhonete, Edvan Julio Guerino.
 
ATENTADO EM ITUMBIARA
Candidato a prefeito foi morto
De acordo com o delegado Douglas Pedrosa, coordenador da operação, Gilberto tinha psicose etílica, provocada pela combinação de remédios com a ingestão de bebidas alcoólicas, que gera alucinações e sentimento de perseguição. Para o investigador, o homem cometeu o crime porque sentia raiva de Zé Gomes, achando que era perseguido pelo político.
Ele afirma que o autor sentia raiva do político e o ápice do conflito foi quando ele não conseguiu reverter uma transferência de cargo dentro da prefeitura da cidade.
“Dentro da cabeça do Gilberto, que sofria de transtornos psicológicos, ele se sentiu perseguido e resolveu cessar esta perseguição com um ato de barbárie. Entre os motivos está uma transferência que ele se arrependeu, mas que acabou dando certo. Anos atrás ele pensou que fosse ser transferido para trabalhar no cemitério, coisa que nunca existiu, mas na cabeça dele ocorreu isso. E, depois, ele tinha a certeza de que se Zé Gomes ganhasse a vida dele pioraria de forma trágica”, afirmou o delegado.
A polícia acredita que Gilberto já planejava o crime há alguns dias. O delegado contou que Gilberto, conversando com um grupo que combinava a distribuição de santinhos pela cidade, disse que era muito fácil cometer um crime contra um candidato e descreveu uma ação idêntica ao modo como ele assassinou Zé Gomes.
"Algumas pessoas não queriam distribuir os santinhos em um bairro por achar que daria problema ou seria perigoso, mas o Gilberto disse que era fácil matar um candidato, só chegar do lado com um carro ou uma moto, atirar e fugir. No dia, ninguém entendeu nada", contou.
Completando a tese de que o crime foi planejado, o delegado explicou que as investigações mostraram que Gilberto foi para uma fazenda em Arapuã e testou a pistola usada no dia do crime. "Ele descarregou ela duas vezes. O trabalho de perícia confirmou que balas encontradas lá saíram da arma e usada pelo Gilberto no dia do crime. Fora que o armamento estava muito bem lubrificado", concluiu.
Na época do fato, surgiram entre os moradores da cidade comentários de que Zé Gomes e Gilberto teriam brigado momentos antes do atentado, hipótese descartada pelo delegado.Conforme a polícia já havia divulgado em novembro, a força-tarefa analisou imagens de câmeras de segurança, que comprovam que Zé Gomes permaneceu em seu apartamento entre 2h e 16h no dia do atentado.
Homem identificado como funcionário da prefeitura de Itumbiara Gilberto Ferreira do Amaral, de 53 anos, atirou contra cabo da PM Vanilson João Pereira (caído no chão), vice governador José Eliton e candidato José Gomes durante carreata em Itumbiara Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Gilberto matou um policial militar que fazia segurança das autoridades  (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Conflitos
Pedrosa apontou como principal fator que motivou Gilberto a praticar o atentado foi uma transferência de departamentos dentro da Prefeitura de Itumbiara. Segundo ele, em 2012, quando Zé Gomes era prefeito da cidade, Gilberto foi transferido do cargo de pedreiro da prefeitura para a Secretaria de Municipal de Saúde, onde ficou lotado no Núcleo de Ações Básicas de Saúde (NABs).
Durante a campanha eleitoral deste ano ele apoiou um candidato a vereador que era de uma coligação adversária à de Zé Gomes. O delegado contou que Gilberto, em um determinado dia, foi trabalhar com uma camiseta fazendo propaganda para o candidato a vereador e foi pedido para que ele retornasse para casa e trocasse de roupa.
Conforme a investigação, a situação aumentou em Gilberto a sensação de perseguição. Diante disto, ele pediu uma nova transferência de órgão na prefeitura, mas se arrependeu e desistiu da mudança. No entanto, a transferência já tinha sido iniciada e, segundo a polícia, era irreversível. Segundo o delegado, a partir daí Gilberto começou a planejar o crime.
Polícia concluiu inquérito do atentado em Itumbiara, em Goiás (Foto: Vitor Santana/G1)Polícia concluiu inquérito do atentado em Itumbiara, em Goiás (Foto: Vitor Santana/G1)
Medicamento
A força-tarefa concluiu que desde 2004 Gilberto fazia uso de um remédio para emagrecer denominado Antepramona, que não é vendido no Brasil. Entre os efeitos colaterais deste remédio está nervosismo, ansiedade e sentimentos psicóticos, que são potencializados a ingestão foi combinada com o álcool.
Um atestado de atendimento comprova que em setembro deste ano um psicólogo o diagnosticou com a psicose etílica.
Corpo de José Gomes da Rocha (PTB) é aplaudido durante enterro em Itumbiara Goiás (Foto: Murillo Velasco/G1)Corpo de José Gomes da Rocha (PTB) é aplaudido durante enterro  (Foto: Murillo Velasco/G1)
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