Os promotores de Justiça encarregados da Operação Compadrio efetuaram ontem a segunda fase com cumprimento de mandados de prisão, condução coercitiva e busca e apreensão. As sentenças foram proferidas pela juíza que preside o feito, Placidina Pires, da 10ª Vara Criminal de Goiânia.
Logo no início da manhã de ontem, os promotores acompanhados de policiais militares cumpriram dois mandados de prisão preventiva, um de prisão temporária, cinco mandados de condução coercitiva e nove mandados de busca e apreensão em cidades como Goiânia, Araçu, Uruana e Aparecida de Goiânia. A nova fase foi um desdobramento fruto de delações feitas por presos na primeira fase da Operação Compadrio. Alguns investigados decidiram colaborar com as investigações do Ministério Público em troca de redução de penas em caso de condenação. Foram apreendidos dinheiro, documentos e equipamentos eletrônicos.
Uma das prisões preventivas foi do empresário Sandro Marcucci, diretor da empresa Padrão Sistemas de Segurança, em que até 2013 foi sócio também o diretor de obras rodoviárias da Agetop, Marcos Musse. Segundo sustentou o Ministério Público no pedido de prisão, a empresa de Sandro Marcucci presta serviços para o Estado de Goiás e conseguiu contratos que ultrapassaram a cifra de R$ 17,7 milhões, com contratos direcionados. Foram conduzidos coercitivamente o gerente de obras rodoviárias da Agetop, Cléter Pereira Damasceno. A servidora da Agetop Karyta das Graças Braga de Oliveira e a esposa de Sandro, Keilla Messias Lopes Marcucci.
A juíza Placidina observou existirem “fortes indícios da existência de uma organização criminosa” que teria sido estruturada para a prática de delitos como “peculato, desvio, fraude em processo licitatório, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de capitais”. Conversas telefônicas interceptadas com autorização judicial mostraram uma relação próxima entre Marcos Musse e Sandro Marcucci. A empresa que atualmente está em nome de Sandro “mantém contratos milionários com o Estado de Goiás, em cifra superior a dezessete milhões, e que supostamente está sendo fraudulentamente utilizada para desviar significativas quantias do erário, causando considerável prejuízo para toda a sociedade e à administração pública”, frisaram os promotores. Sua atuação ensejou a decretação de sua prisão preventiva “para garantia da ordem pública”.
Laranja
Um dos principais frutos das delações premiadas colhidas pelos promotores durante as investigações após ser deflagrada a primeira fase da Operação Compadrio é o aparecimento de indivíduos que emprestaram seus nomes para a abertura de empresas que serviam para os negócios do ex-deputado estadual Tiãozinho Costa.
A empresa Camargo e Cardoso Eventos Ambiental Ltda estaria atualmente em nome de Warley Gomes dos Anjos e Arthur Guilherme Fernandes Duarte, sendo que o segundo confirmou em depoimento no Ministério Público que realmente atua como “laranja” da empresa e que seu real proprietário é o ex-deputado Tiãozinho Costa. Ele confessou que assina cheques, orçamentos e outros procedimentos burocráticos e que “empresta” seu nome para a empresa do ex-deputado preso na primeira fase da Operação Compadrio. Warley não foi econtrado pelas equipes de investigação, o que ensejou sua prisão.
Os investigadores descobriram também que a empresa faturou junto a órgãos do governo de Goiás mais de R$ 3,7 milhões entre janeiro de 2010 e junho de 2015 e que desse montante recebeu pouco mais de R$ 1,8 milhão. “Os serviços prestados foram os mais diversos, desde realização de limpeza em parques estaduais, revestimento vegetal, aquisição de mudas até realização de shows artísticos, contratados por vários órgãos do Estado”, consta da sentença. Reforçam as denúncias do MP o fato de a empresa ter transferido para a conta de Matheus Costa, filho de Tiãozinho e cantor sertanejo, a quantia de R$ 232,9 mil.
O sócio Warley Gomes dos Anjos foi descoberto pelos policiais em sua casa no Bairro Cardoso II, em Aparecida de Goiânia. O barracão em uma rua de chão batido contrasta com a lembrança de um empresário que faturou mais de R$ 3,7 milhões.
Os promotores descobriram que Tiãozinho Costa usava empresas em nome de “laranjas” por ser “ficha suja” e não poder contratar com o poder público. Através de “laranjas”, ele e seu cunhado Geraldo Magella (também preso desde a semana passada) teriam “fraudado procedimentos licitatórios, realizados com o Estado de Goiás, mais especificamente com a Agetop”.
Um dos investigadores afirmou que “ainda serão realizadas outras etapas” da Operação Compadrio, diante do volume de informações colhidas após o início das investigações e com as delações feitas no curso delas.
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