sábado, 15 de agosto de 2015

APESAR DE CONFISSÃO, POLÍCIA INVESTIGA MOTIVAÇÃO POLÍTICA


“Desavenças administrativas culminaram em uma discussão de caráter pessoal que terminou nessa tragédia. Ele disse que agiu sozinho.” A informação do advogado Douglas Dalto Messora, que acompanhou o ex-secretário de Finanças de Matrinchã, Hélio Alves Soyer, em seu depoimento à Polícia Civil na terça-feira não convenceu parte dos moradores da cidade, abalada no dia 4 ao tomar conhecimento do brutal assassinato do prefeito Daniel Antônio de Sousa e da primeira-dama Elizeth Bruno de Barros. O secretário admitiu ao titular da Delegacia Especial de Investigações Criminais (Deic), Kleber Toledo, à frente do inquérito que apura o duplo homicídio, que matou o casal, mas sem a ajuda de ninguém.
Ontem de manhã, a Polícia Civil chegou a convocar uma entrevista coletiva para falar sobre o assunto, entretanto o delegado Kleber Toledo se limitou a dizer que “a polícia tem o dever legal de manter o sigilo necessário das investigações, por isso não vamos nos manifestar enquanto não tivermos um resultado cabal”. A postura do delegado, mesmo após ouvir a confissão de Hélio Soyer, indica que as investigações prosseguem e podem estar vinculadas à disputa de poder em Matrinchã. “Fiquei sabendo que havia uma divergência política mas, se for esse o motivo, a polícia vai descobrir. Ele não comentou nada”, disse o advogado de Hélio Soyer.
“A que ponto chegou a política de Matrinchã!”, exclamou uma correligionária de Daniel Antônio diante da residência do casal no dia em que os corpos foram encontrados. Segundo ela, na véspera, o prefeito estava muito triste e confessou ter vontade de “abrir um buraco para entrar dentro”. A outros amigos, ele disse estar “decepcionado”. Antes de voltarem para casa, em um setor conhecido como Agrovila, ele e Elizeth sentaram para uma conversa com os secretários de administração, Cleyb Bueno, e de Finanças, Hélio Soyer. Oficialmente, a informação era de que o tema seria a Festa do Peão, mas esse era o assunto preferido citado por Daniel Antônio e seus auxiliares quando queriam despistar curiosos.
“Na saída da casa do Cleyb, Daniel e Hélio tiveram um diálogo áspero e o prefeito o convidou para continuar a conversa na casa dele. Lá, eles discutiram e quando Hélio atingiu o Daniel com uma faca, a Elizeth entrou no meio”, detalhou o advogado Douglas Messora.
Segundo o criminalista, em momento algum do depoimento Hélio Soyer citou outros nomes que poderiam estar envolvidos no duplo homicídio. “É possível uma única pessoa fazer um ato desses”, disse o advogado. Ainda na varanda da casa, o prefeito e a primeira-dama foram atingidos com golpes na cabeça e tiveram o pescoço cortado. Os dois corpos foram arrastados para o interior da casa.
Perda de poder
O POPULAR apurou que Hélio Soyer, escolhido secretário de Finanças desde o início do mandato do prefeito assassinado de Matrinchã, estava descontente porque foi perdendo poder dentro da prefeitura. Ele já tinha ocupado o mesmo cargo entre os anos de 2005 e 2008, no segundo mandato do ex-prefeito Natalino Lucas. Na eleição de 2012, ele apoiava a candidatura de Ercimar Marques de Almeida, mas como ele desistiu do pleito a 15 dias da votação, seu grupo decidiu investir em Daniel Antônio, que foi eleito depois de duas tentativas frustradas de conseguir chegar ao cargo de prefeito.
Hélio Soyer, que chegou a Matrinchã no início dos anos 80, nunca exerceu um cargo político no município, mas era considerado um estrategista. Em Matrinchã, todos sabiam que ele tinha chegado ao cargo de secretário pela composição política.
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