domingo, 26 de fevereiro de 2017

Deputados aprovam em definitivo o fim do horário de verão em Goiás


O fim do horário de verão em Goiás foi aprovado, em definitivo, na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). O projeto, de autoria do deputado Luis Cesar Bueno (PT), seguiu para sanção do governador Marconi Perillo (PSDB). O G1 ouviu a população, que se divide sobre o tema.
A votação ocorreu na última terça-feira (21). Segundo o deputado, a medida já foi enviada para análise do governo estadual. A assessoria de Perillo destacou que, até sexta-feira (24), ainda não havia informações se ela já tinha sido recebida. De qualquer forma, ressaltou que o governador terá 15 dias para sancionar ou vetar o projeto.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Companhia Energética de Goiás (Celg), na semana passada, para solicitar os dados sobre a economia no último horário de verão em Goiás, que ocorreu entre os dias 16 de outubro do ano passado a 19 de fevereiro deste ano. No entanto, por telefone, o órgão informou que não tinha tal levantamento.De acordo com Bueno, apesar da alegação de que o horário de verão visa uma economia energia, a população e as atividades econômicas das cidades sofrem diversas consequências. Assim, para ele, a medida não é benéfica.

“Existe uma cobrança muito grande da sociedade, dos empresários e trabalhadores, sobre o assunto. Sempre vi cobranças aos políticos em relação ao horário de verão. Além disso, analisei a questão do prejuízo ao relógio biológico das pessoas, o que é comprovado cientificamente. Também existe a questão da economia, que, apesar de ser a principal alegação, praticamente não existe. Tanto que apenas nove estados e o DF continuam aderindo”, afirmou aoG1.
O deputado destacou, ainda, que não existe obrigação por lei para que os estados adotem o regime e que cada governo local pode reger sobre a questão.
“O que existe é um decreto do presidente com essa recomendação. Assim, fui analisar os motivos pelos quais vários estados deixaram de seguir o horário de verão, como a Bahia e o Tocantins, por exemplo. Esses locais analisaram que a mudança afeta as atividades econômicas, o funcionamento dos órgãos públicos e das instituições de ensino. Como essa questão deve ser de responsabilidade do estado e município, cabe a cada local analisar se ele é benéfico ou não. Assim decidi propor a mudança em Goiás”, destacou.
Bueno, que também é vice-presidente da União Nacional dos Legisladores e Legislativos  Estaduais (Unale), destacou que outros estados estão se mobilizando para deixar de seguir o horário de verão.

“Essa é uma tendência nacional e, em breve, outros locais vão legislar a respeito. O que vale ressaltar é que, caso o governador Marconi Perillo vete o projeto, ele voltará para apreciação na Assembleia, onde, em nova votação, os deputados poderão derrubar essa negativa. Assim, essa questão está nas mãos dos parlamentares”, ressaltou.
Gerente de panificadora, Cleonice Luiza Rocha diz que aprova o fim do horário de verão em Goiás (Foto: Vitor Santana/G1)Gerente de panificadora, Cleonice diz que aprova o fim do horário de verão em Goiás (Foto: Vitor Santana/G1)
Mudança no relógio
Atualmente, além de Goiás, o horário diferenciado vale para Mato GrossoMato Grosso do Sul,Minas GeraisParanáRio de JaneiroRio Grande do SulSanta CatarinaSão Paulo,Espírito Santo e o Distrito Federal. No Brasil, a medida tem sido aplicada desde 1931/1932, com alguns intervalos.

Entre os objetivos destacados pelo governo federal está a redução da demanda durante o horário de pico, que vai normalmente das 18h às 21h. Com o horário de verão, a iluminação pública, por exemplo, é acionada mais tarde, deixando de coincidir com o horário de consumo da indústria e do comércio.
Em Goiás, o hábito de adiantar o relógio em uma hora durante alguns meses ocorre desde 1985, mas ainda divide as opiniões da população. Gerente de uma panificadora, Cleonice Luiza Rocha conta que, apesar da economia alegada pelo governo, o período pode ser ruim para os negócios. “Chegamos aqui 4h50 e abrimos 6h e nesse horário ainda está escuro, é noite. É perigoso. Já fomos até assaltados aqui. Se não tivesse esse horário, seria bem melhor”, contou.
A professora Maria Aparecida Martins também se diz contra o horário de verão por gerar mais transtornos do que benefícios. “Particularmente eu não gosto, não dá para descansar direito, o organismo não se adapta. Tinha que ser retirado. Dá impressão que o dia não rende”, justificou.
Ela afirma que a economia gerada pelo horário não é motivo suficiente para justificar os desgastes. “Fala que é para diminuir o consumo, diminuir os custos, mas do jeito que está a política atual, cheio de desvios de dinheiro, não sabemos para onde vai essa economia. Tinha que dar outro jeito”, completou.
Já os funcionários públicos José Coelho de Lima e Darivan Nogueira, aprovam o horário de verão. “Por volta das 6h30 já estou no Parque Vaca Brava para trabalhar na manutenção daqui. Não acho que atrapalhe o rendimento, porque acordo cedo sempre, não faz diferença estar mais claro ou escuro”, afirmou.

Darivan também concorda com o amigo e complementa: “Eu aproveito mais o dia, saio ainda com sol e consigo ir me exercitar, pedalar, fazer outras atividades. Horário de verão não interfere em nada. Eu até prefiro”, disse.
 Funcionários públicos José Coelho de Lima e Darivan Nogueira afirmam que gostam do horário de verão, em Goiás (Foto: Vitor Santana/G1)José e Darivan afirmam que gostam do horário de verão (Foto: Vitor Santana/G1)
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