terça-feira, 14 de junho de 2016

DONO DE CLÍNICA DE REABILITAÇÃO EM GOIATUBA, É INDICIADO POR TORTURA DE PACIENTE


O dono e um funcionário de uma clínica de reabilitação para dependentes químicos foram indiciados pelo crime de tortura após a morte de um paciente, em Goiatuba, região sul de Goiás. Segundo a polícia, a investigação apontou que Simonides Alves Resende, de 43 anos, era agredido com chutes, socos e levava até choques elétricos enquanto estava internado no local. De acordo com o delegado Gustavo Carlos Ferreira, a vítima morreu em virtude do espancamento.
“O que se comprovou através dos laudos do IML [Instituto Médico Legal] é que ele foi vítima de tortura. Ele tinha vários hematomas no corpo e morreu em decorrência de um traumatismo crânio-encefálico. Além disso, testemunhas do local também confirmaram que ele foi submetido a várias torturas como choques elétricos, socos, chutes e até imposição de castigos físicos”, contou o delegado.
Simonides morreu em abril deste ano depois de dois meses internado no centro de reabilitação. Ele estava em tratamento contra dependência química de drogas.
Depois da morte, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão dentro da clínica. Na época, foi apreendida uma arma que seria de um dos funcionários, que foi preso e liberado após pagar fiança de R$ 1 mil.
A irmã de Simonides, que não quis ser identificada, diz que não há dúvidas do crime. “Eles bateram tanto na cabeça dele que a cabeça dele chegou a quebrar. Meu irmão foi morto aos poucos, morto torturado aos poucos, então a gente espera justiça”, disse.
O mestre de obras Max Fernandes Reis esteve internado na clínica mesma época em que Simonides, e afirma que viu o espancamento. “Eu vi ele apanhando três dias. Eles batiam e davam comida pra ele na marra. Ele falava que não aguentava mais e falava ‘estou morrendo’”, revelou.
Segundo ex-pacientes da clínica, o valor do tratamento no local é de R$ 9 mil para sete meses de tratamento. Após a morte do paciente, oito pacientes fugiram da clínica. Eles relatam que, enquanto estavam internados, foram orientados a omitir o que viam dentro do local, caso fossem interrogados pela polícia.
“Não era pra nós falarmos a verdade. Era pra falar que a única coisa que nós vimos ali foi ele caindo no banheiro. Ele pediu pra nós falarmos isso, mas a verdade não foi essa, foi a tortura. Bateu demais nele”, contou um dos internos que não quis se identificar.
O inquérito foi concluído e está no Ministério Público. Caso sejam condenados, os dois podem pegar até 16 anos de prisão.
O advogado dos dois indiciados, Cleiton Rodrigues, disse por telefone à TV Anhanguera que estão aguardando ser notificados pelo MP para apresentarem a defesa.
←  Anterior Proxima  → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário