Daqui a um ano e um mês (no início de abril de 2020) quem quiser disputar cargo eletivo — prefeito e vereador —, se estiver ocupando cargos públicos, terá de desincompatibilizar-se. A eleição acontecerá daqui a um ano e sete meses. Parece muito tempo, mas não é. Tanto que as articulações políticas já começaram e estão de vento em popa. Possíveis candidatos estão conversando com marqueteiros e alguns deles já encomendam pesquisas qualitativas e quantitativas.
Os políticos sabem que a próxima eleição, a de 2020, pode contribuir para reforçar seus poderes ou abrir espaços novas alianças — tendo em vista as eleições de governador em 2022 e 2026. Como fará 70 anos em 25 de setembro deste ano — nasceu em 1949 —, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), não terá muito tempo para disputas do Executivo, em termos estaduais. Poderá disputar a reeleição em 2022 e, se vencer, terminaria o governo com 77 anos (poucos certamente terão a longevidade política de Iris Rezende, hoje com 85 anos). Depois, poderia disputar o Senado. Portanto, pós-Ronaldo Caiado, haverá um “vazio” na política de Goiás. Por isso, com perspicácia, o presidente do MDB, Daniel Vilela, está se colocando como “oposicionista”, com a evidente intenção de ocupar o espaço “do” PSDB, no momento semi-nocauteado pelo resultado das eleições de 2018.
O futuro é uma incógnita, não se sabe como será, mas quem articula e dialoga agora tende a criar um futuro mais palatável para si e seus pares. O MDB, apesar dos salamaleques, está dividido entre duas forças: a de Iris Rezende, com seu aliado Adib Elias — que perdeu força ao não conseguir nomear aliados para cargos de proa no governo de Ronaldo Caiado, o que contribuiu para ampliar a força interna de Daniel Vilela —, e a dos Vilelas, Maguito e seu filho, Daniel. Para consumo externo, Iris Rezende afirma que não vai disputar a reeleição, em 2020. Para consumo interno, afirma que, se conseguir realizar algumas obras — como a conclusão da Avenida Leste-Oeste, alguns viadutos e recapear a maioria das ruas —, vai postular seu quinto mandato de prefeito de Goiânia. Maguito Vilela quer ser candidato a prefeito de Goiânia, e hoje é mais popular do que o decano emedebista. Mas já avisou que, se Iris Rezende for candidato, não coloca seu nome.
Por que o irismo prefere bancar Iris Rezende, sob risco de derrota, dado o desgaste de sua administração, a apoiar Maguito Vilela ou Daniel Vilela para prefeito? Porque o irismo se tornou caiadista e não quer fortalecer Daniel Vilela, que está se tornando o principal adversário do governo de Ronaldo Caiado e poderá se tornar seu mais aguerrido rival no pleito de 2022 — capitaneando uma ampla coligação, que pode reunir MDB, PP, PSB, PTB, PR, PT e até o PSDB.
O deputado estadual Bruno Peixoto corre por fora e, se Iris Rezende não disputar e os Vilelas guardarem forças para 2022, vai colocar seu nome na ribalta. Mas sabe que a má gestão do emedebista pode derrotá-lo. O prefeito da capital pode se tornar o Marconi Perillo de 2020 — quer dizer, o alvo a ser atingido e batido.
O PSDB está baleado, mas não morto. Digamos que Marconi Perillo seja absolvido no processo que o levou momentaneamente à prisão, pouco depois da eleição de 2018, e que, até 2020, o governo de Ronaldo Caiado não deslanche. O tucano poderá se apresentar como candidato? Pode. O mais provável é que não dispute, dado o desgaste. Mas a possibilidade não pode ser descartada. Há alternativas, como Talles Barreto e Cristina Lopes.
Pode pintar alguma surpresa na disputa, como o presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio), Marcelo Baiocchi. Não tem desgaste e venceu na iniciativa privada à revela da política. Quem não gostaria de filiá-lo?
O PSD fechou questão e vai bancar Francisco Júnior. Mas o ás Vilmar Rocha sabe que, numa disputa pela Prefeitura de Goiânia — que é quase um governo do Estado —, não há possibilidade de se ganhar sozinho. Por isso, Francisco Júnior e Vilmar Rocha estão conversando tanto com Maguito Vilela e Daniel Vilela quanto com o senador Vanderlan Cardoso (PP) e com o ex-ministro Alexandre Baldy. Sozinho, sem alianças, o deputado federal será, pela segunda vez, sparring dos candidatos com mais musculatura política.
O PP é a principal incógnita. Seu principal nome na capital, Vanderlan Cardoso, está dizendo que prefere ficar em Brasília. Com razão, pois ganhou oito anos do eleitor para representá-lo no Senado. Há quem acredite que Alexandre Baldy pode renunciar à política nacional para ser candidato em Goiânia. Pode até ser, mas não seria inteligente. O mais provável é que o jovem político, hoje secretário de João Doria no governo de São Paulo, está se cacifando para 2022 — para disputar o Senado ou governo. O mais provável é que o pepismo feche alguma aliança em 2020 tendo em vista o jogo eleitoral de 2022. Aí poderia apoiar tanto Francisco Júnior quanto Elias Vaz, do PSB. O problema de Elias Vaz é que seu principal aliado, o senador Jorge Kajuru, se tornou inimigo, mais do que adversário, de Vanderlan Cardoso.
Bancado por Jorge Kajuru — pesquisas indicam que é forte para a prefeitura, mas o senador não quer disputar —, Elias Vaz passa a ser um candidato consistente. Mas, para cargo executivo, é preciso fazer alianças, não basta o apoio do polêmico senador (que, hoje, tem a resistência dos evangélicos). Num primeiro momento, Elias Vaz aproximou-se da vereadora Cristina Lopes, uma campeã em ética, mas não em votos. Mas, como continua no PSDB, é rejeitada por Jorge Kajuru.
Governos não costumam eleger prefeitos em Goiânia. Mas o governador Ronaldo Caiado vai lançar um candidato na capital, independentemente do posicionamento de Iris Rezende. Como pesquisas, ao menos as atuais, sinalizam que as chances do prefeito são próximas de zero, Ronaldo Caiado tende a bancar um candidato. O nome mais cotado é o do ex-senador Wilder Morais, secretário da Indústria do governo de Goiás. O deputado federal Zacharias Calil, dadas a popularidade e a fama de honesto, também é cotado. Os dois políticos pertencem ao DEM do governador. José Vitti, se se filiar ao DEM, também é cotado.
O PT deve bancar, pela segunda vez, a deputada estadual Adriana Accorsi. As chances de ganhar são mínimas, mas mantém o PT e a parlamentar no jogo político.
Não se deve subestimar o deputado Major Araújo, do PSL. Por dois motivos. Primeiro, por seu agressivo discurso pró-segurança pública e anticorrupção. Segundo, por ter o apoio do deputado federal Delegado Waldir Soares e do presidente Jair Bolsonaro.
O PPS pode bancar o jovem deputado estadual Virmondes Cruvinel. Ele tem discurso e é agregador.
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