sábado, 16 de fevereiro de 2019

Chamado de caloteiro na Assembleia, Caiado pede inteligência


Depois do desgaste provocado pelo embate entre o governador Ronaldo Caiado (DEM)
e deputados estaduais durante a sessão de autoconvocação da Assembleia Legislativa
em janeiro, a expectativa era de que a ida do democrata ontem, na abertura dos
trabalhos da Casa, fosse marcada por um tom mais ameno. Mas se a atuação de seus
articuladores políticos acalmou a tensão com os parlamentares, os protestos de
servidores pelo pagamento do salário de dezembro motivaram frases polêmicas do
governador.
Antes mesmo da sua chegada, servidores já protestavam do lado de fora do prédio e,
enquanto ele se encaminhava para começar seu discurso, foi cobrado e chamado de
“caloteiro” por gritos que vinham da galeria. Frente à hostilidade, Caiado abriu sua fala
destacando a democracia e sustentando que, embora seja obrigado a “assumir
compromissos” esperava “contar com a inteligência das pessoas para separar aquilo
que é responsabilidade assumida por um governo e a causa determinante do não
pagamento não só dos salários, mas de R$ 3,4 bilhões (de déficit).”
Apesar dos constantes pedidos do presidente Lissauer Vieira (PSB) e dos seguranças
da Casa para que os servidores respeitassem a fala do governador, os gritos não
cessaram e, em alguns momentos, Caiado endureceu o tom.
Enquanto tentava expor suas propostas, pediu que as TVs “focassem os rostos” de
quem protestava nas galerias, dizendo que eles não representavam o povo goiano
“porque o goiano é um povo educado”. Também causou polêmica ao fazer um coração
com as mãos e mandar beijos para os servidores, qualificar o protesto como “choro de
viúvas do PT” e, em entrevista coletiva, dizer que não se podia confundir “professores e
militantes do PSTU”. “Não vamos confundir os sinais. Os professores estão
trabalhando, educando e lutando para que Goiás seja referência no cenário nacional.”
No discurso, o democrata também voltou a expor as dificuldades financeiras do Estado
e declarou que “não se pode pedir sacrifício ao povo sem que o exemplo parta dos
próprios governantes”, listando medidas já tomadas enquanto governador, como a
reforma administrativa e as mudanças em unidades do Vapt-Vupt que tinham alugueis
caros. Afirmando ainda que os salários atrasados são “sinais claros de desperdício e
desrespeito com o patrimônio público”, ele voltou a criticar o “corporativismo” de
setores específicos e o alto índice de comprometimento com folha e custeio.
“Como governar um Estado onde a estrutura, servidores e poderes constituídos
consumem 83% da receita corrente líquida do governo? Cada um defendendo seus
interesses, sua corporação, e o cidadão morrendo nas filas?”, questionou. “O povo não
tolera mais a corrupção, o mau uso dos recursos públicos, o vandalismo administrativo
cujo trágico legado me fez encontrar o governo de Goiás em estado de calamidade
financeira”, pontuou ele.
Bandeira branca
A respeito da relação com a Casa, Caiado repetiu diversas vezes que deseja
estabelecer uma “parceria” e “ações conjuntas” para driblar a crise, ressaltou a
importância dos deputados e elogiou o presidente, a quem chamou de “parlamentar
experimentado”. “Conhecedor do nosso Estado, saberá com sua competência e
formação ética, moral, com princípios republicanos de que jamais abriu mão, presidir
um poder da importância da Assembleia.”
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