domingo, 30 de outubro de 2016

Saiba como proteger seu filho das doenças típicas


Assunto de saúde da vez, a gripe H1N1 não é a única doença a qual os pais devem ficar atentos. O outono favorece o surgimento de uma série de problemas de saúde em bebês e crianças, como resfriados, bronquiolite (inflamação nos bronquíolos --estruturas que compõem o aparelho respiratório)--, alergias e até diarreia, fazendo com que os prontos-socorros fiquem lotados nesta época do ano.
Segundo o pediatra Tadeu Fernando Fernandes, presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), a maioria das doenças da estação é causada por vírus, que se multiplicam com maior facilidade quando o tempo está seco.
“A gripe é causada pelo vírus influenza. As vacinas de hoje protegem contra alguns tipos desse vírus, como o H1N1, o H3N2 e o Influenza B. Já os resfriados são causados por mais de 200 tipos de vírus e, para eles, não há vacina”, afirma.
De acordo com o médico, os resfriados causam um quadro mais simples, caracterizado por espirros, coriza e garganta arranhando. Já as gripes costumam ser mais graves, podendo levar à morte. “A gripe derruba, causa dor forte no corpo, febre alta, dificuldade para respirar e deixa a criança apática”, diz o pediatra.
Segundo Fernandes, por debilitarem o sistema imunológico, as viroses, muitas vezes, abrem caminho para doenças bacterianas, como as amidalites.
O pediatra e homeopata Moisés Chencinski explica que a falta de umidade no ar também favorece o ressecamento das vias aéreas, predispondo ao surgimento dos quadros alérgicos, como asma e rinossinusite. “A menor produção de muco nos deixa desprotegidos e mais expostos aos vírus.”
O especialista afirma que a gravidade não está no tipo de vírus, mas na condição de saúde de quem pega a doença. “Bebês que não foram amamentados, crianças que ainda não desenvolveram imunidade ou que não se alimentam bem podem ter manifestações mais graves.”
Para os recém-nascidos, o pediatra diz que a melhor prevenção é sempre o aleitamento materno. A vacina da gripe só é dada a partir dos seis meses de vida. Os adultos que convivem com a criança também devem ser imunizados.
“Há duas vacinas, a trivalente, dada nos postos de saúde, protege contra dois tipos de influenza A e um tipo de influenza B. Já a quadrivalente, administrada nas clínicas particulares, protege contra dois tipos de influenza A e dois tipos da B”, diz Chencinski.
O médico lembra que leva de três a quatro semanas para que a vacina faça efeito. “Nesse período, caso a criança tenha sido exposta ao vírus, a doença pode se manifestar. Também podem surgir outros tipos de patologia contra as quais ela não foi vacinada.” Isso não significa que a imunização não tenha surtido efeito, muito menos que tenha desencadeado o problema.

Invista na prevenção

Chencinski afirma que é preciso estar preparado para evitar gripes e resfriados o ano inteiro, e não somente no outono. “Aconselho a manter as vacinas sempre em dia [a imunização contra a gripe dura um ano], ensinar a criança a lavar bem as mãos e a passar álcool gel, principalmente antes de comer, cuidar para que se alimente bem e se hidrate adequadamente.”
Segundo o médico, alguns vídeos que circulam em grupos das redes sociais mostram orientações que são inadequadas. “Bebidas quentes, por exemplo, não matam o vírus. Lavar as mãos a toda a hora também pode ser ruim, pois retira a proteção natural da pele, causando fissuras e irritação. É preciso ter bom senso e evitar pânico.”
De acordo com o especialista, o uso de medicamentos como o homeopático Oscillococcinum, de vitamina C e de extrato de própolis pode ajudar a melhorar a reação imunológica em algumas crianças, mas essas medidas não funcionam isoladamente. “Nada exclui a necessidade da vacina e dos cuidados de higiene.”
Para Tadeu Fernandes, a limpeza das vias aéreas com soro fisiológico é outra medida positiva, principalmente quando a criança volta da escola ou de algum passeio. “É importante também evitar aglomerações, usar lenço de papel descartável para assoar o nariz, manter os ambientes arejados e fugir de locais com ar condicionado, sempre que possível.”
Crianças em idade escolar precisam ter cuidado redobrado. “Se os pais percebem que o filho está doente, com tosse intensa, febre alta, secreção ocular, diarreia ou vômito, ele deve permanecer em casa para não transmitir aos colegas. Qualquer um desses sintomas precisa ser comunicado imediatamente ao pediatra”, diz Chencinski.
A partir de 11 de abril, podem ser vacinadas crianças com mais de seis meses e menos de cinco anos, gestantes e idosos da capital e Grande São Paulo. A partir do dia 18 de abril serão vacinados puérperas, doentes crônicos, indígenas, funcionários do sistema prisional e presos. Para as demais localidades, a campanha começa em 30 de abril e vai até 20 de maio. As crianças que tomam a vacina pela primeira vez precisam de duas doses, com intervalo de um mês.
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