O suicídio de pelo menos três adolescentes em Goiás entre fevereiro e março possuem relação direta ou indireta com o incentivo à prática feito por membros do grupo The H4ters, na rede social Facebook, segundo apontam as investigações da Delegacia Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos (Dercc). A delegada titular da delegacia, Sabrina Leles, está a frente do caso, que foi aberto no dia 15 do mês passado, e identificou que Higor Pires Moreira, de 15 anos, morto no dia 21 de fevereiro, era membro ativo do grupo e que teria até mesmo pedido para um primo distante, M.A.J., de 18 anos, que o apresentasse ao curador, identificado na rede social como Igor Akbar.
Higor teria participado de uma espécie de jogo, que propunha desafios aos jovens e o último destes era a prática do suicídio. Entre os desafios havia desde a invasão de um computador alheio a até mutilações. Ele foi encontrado enforcado em uma casa vizinha à sua, que estava abandonada. Foi no velório do jovem que as suspeitas dos familiares começaram. Isso porque eles perceberam a presença de jovens desconhecidos e com vestimentas diferentes das que conheciam, que ficaram o tempo todo no local e tiravam várias fotos. Entre eles estava M.A.J.
Ele foi identificado na investigação da Polícia Civil e confessou que Higor, com um perfil falsificado, fazia parte do grupo e que também havia pedido que M.A.J. lhe apresentasse a Igor Akbar. Este perfil falso ainda não foi possível ser identificado já que o computador utilizado pelo adolescente foi todo formatado logo antes do suicídio, sendo esta uma das tarefas propostas no grupo da internet. M.A.J., segundo depoimento a Sabrina, afirmou que tentou dissuadir Higor de seguir com a ideia.
A investigação já conta com testemunhas que confirmam a participação de Higor no grupo e as mudanças de comportamento do jovem nos últimos meses, como a mutilação. No dia do suicídio, o adolescente pediu para não ir à aula de inglês, o que foi consentido pela mãe. No entanto, ele teria tomado pelo menos seis cartelas de remédios para pressão alta e chegou a ser dado como desaparecido antes de ser encontrado na casa vizinha enforcado com uma corda.
Alerta
A delegada revela que desde quando iniciou as investigações outros três casos de suicídio de adolescentes ocorreram no Estado e a intenção é conseguir informar pais e responsáveis sobre os perigos que os filhos correm na internet. Dos três casos, dois suicídios de adolescentes em Rio Verde também teriam relação com o The H4ters. Sabrina conta que as duas meninas, a princípio, não participavam ativamente do grupo, mas possuíam amigos em comum com Igor Akbar. “Ele não age sozinho, tudo indica que tinha vários cooptadores e pessoas que ajudavam”, revela. A indução ao suicídio é um crime contra a vida previsto no Código Penal.
O The H4ters, segundo Sabrina, tem atuação internacional e um administrador situado na Argentina chegou a ser preso em setembro do ano passado acusado de incentivar o suicídio de uma jovem brasileira, de 15 anos, que morava na Espanha. “Eles, ao todo, possuem mais de 43 mil seguidores no Facebook, até agora conseguimos identificar com certeza 4 pessoas de Goiás que estão no grupo”, conta. Além de Igor, estariam envolvidos outros moderadores e administradores, como Gabriela Akbar, Saymon Akbar e Emerson Akbar. “Todos com o Akbar têm alguma ascensão no grupo.”
O método difere do que jogo conhecido nos últimos anos como Baleia Azul, pois neste os usuários eram forçados a participar através de ameaças dos usuários que invadiam computadores de adolescentes e conseguiam informações pessoais. Já no The H4ters, a participação é de adolescentes que já estão propensos ao suicídio, mas passam pelo incentivo dos usuários do grupo. A delegada lembra ainda que há grupos atuando em diversas redes sociais, como Whatsapp, Instagram e Wattpad. [Fonte: O Popular]
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