sexta-feira, 6 de abril de 2018

Marconi Perillo faz balanço antes de deixar cargo de governador para disputa eleitoral


O governador Marconi Perillo (PSDB) fez um balanço, nesta sexta-feira (6), dos 7 anos e 3 meses dos seus dois últimos mandatos à frente do executivo do estado. Ele deixa o cargo em cumprimento à legislação eleitoral, já que pretende para participar das eleições deste ano. Perillo será substituído pelo vice, José Éliton, do mesmo partido.
Em entrevista, o tucano destacou as principais ações do governo e também foi questionado sobre compromissos feitos no programa de governo que não foram concluídos.
“O governo não está terminando hoje. Eu estou saindo por força da legislação eleitoral, mas o nosso governo continua até o final do ano, com sequência dos nossos projetos. Agradeço a Deus e aos goianos que me deram a oportunidade de ser governador”, disse Perillo.
O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) (Foto: Murillo Velasco/G1)

Saúde

Marconi Perillo foi questionado sobre a situação da Saúde, bem como a falta de leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em hospitais públicos ou conveniados com o estado. Segundo ele, o problema da oferta de vagas tem relação com o valor pago pelo Sistema Único de Saúde (SUS) pelos leitos nas unidades privadas.
“Qual que é o problema de leitos de UTI? O SUS paga muito mal. A tabela do SUS é de R$ 468 por leito de UTI, mas cada leito custa R$ 1,5 mil para o dono do hospital. Como que o dono do hospital vai colocar um leito de UTI pelo SUS por um terço do que ele gasta? Esta situação só não é pior porque nós do governo do estado complementamos, e porque nós dobramos o número de leitos públicos. O governo investe, por mês, R$ 90 milhões para a área da saúde”, afirmou.
Em relação aos hospitais no interior do estado, o governador disse que, além dos já implantados na região sudoeste, em Santa Helena de Goiás, em Anápolis, Aparecida de Goiânia e Pirenópolis, o governo deve concluir, ainda este ano, as obras de um hospital regional de Uruaçu, para atender à região norte do estado.

Segurança Pública

O governador afirmou ao G1 que os problemas ligados à segurança pública serão sanados efetivamente quando houver uma participação maior do governo federal nas responsabilidades. Marconi considera como “baixos investimentos” os repasses federais e disse que, mesmo assim, o governo deve entregar novos presídios.
“Eu não defendo que a gente reduza o que o estado já faz, mas eu quero que tenha mais dinheiro federal para que tenhamos mais recursos para que a gente possa ter condições de ampliar as condições de proteção à população”, disse.
Apesar dos ainda altos índices de violência, que têm sido acompanhados em tempo real pelo Monitor da Violência desenvolvido pelo G1 em parceria com Universidade de São Paulo (USP), Perillo disse que durante os últimos meses de seu mandato houve queda nos índices de violência.
“Nos últimos 20 meses nós registramos queda em todos os índices de criminalidade. Todos caíram. Mas existe uma sensação de medo em Goiás. Nós estamos combatendo a violência com as forças policiais, nós incluímos 6 mil policiais novos nas forças de segurança, mas estamos investindo muito em inteligência”, destacou.

Impostos

O governador comentou o pagamento de impostos para carros com mais de dez anos de uso. Segundo ele, a cobrança se deu por conta da crise econômica enfrentada pelo país a partir do ano de 2015 e que, afirma, demandou estratégias para que não houvesse consequências, sobretudo, aos servidores públicos.
“Havia à época uma necessidade de ajuste por conta da crise, que foi a mais agressiva do país. E aqui em Goiás, assim como em todo o país, nós também tivemos que fazer ajustes para conseguir manter a folha, pagar o 13º salário em dia e prosseguir com os programas sociais, com os programas de desenvolvimento”, disse.
Durante a entrevista, o político foi questionado sobre a anistia dada a empresas que deviam impostos. Para o tucano, o programa foi uma forma de arrecadar dinheiro que, segundo ele, “nunca seria pago”.
“Nós demos, ao longo do tempo, incentivos para inúmeras indústrias se instalarem em Goiás. Demos também anistia para milhares de empresas que não pagavam os impostos. Ou se faz isso, ou não se recebe. Nós recebemos bilhões de reais de quem não pagava impostos graças às anistias que foram dadas aqui, que foram dadas pelo governo federal e são dadas pelos municípios”, disse.
Perillo também foi questionado sobre o fato da privatização da antiga Companhia Energética de Goiás (Celg), atual Enel, reduzir a arrecadação do governo. Segundo ele, a venda da estatal trouxe “mais benefícios do que ônus”.
“Foi feito todo um projeto para a privatização, e a privatização, podem acreditar, será muito benéfica para o estado, porque a Enel é uma multinacional que vai resolver o problema da falta de energia, de demanda por energia, em médio prazo. Já investiram R$ 800 milhões. Existe uma compensação”, disse.

Saneamento básico e esgoto

Perillo comentou a crise hídrica vivida em Goiás em 2017. No ano passado, o governo chegou a decretar situação de emergência na Bacia do Rio Meia Ponte, alegando chuvas abaixo da média e escassez de água. Segundo o governador, o problema será evitado nos próximos anos em função do Sistema Mauro Borges e da interligação dele ao Meia Ponte.
“Se nós não tivéssemos planejado a construção do sistema produtor Mauro Borges, nós estaríamos sem água hoje em Goiânia. O que nós fizemos lá daria para construir vários estádios Serra Dourada, já gastamos mais de R$ 1 bilhão. Estamos agora com 40% da linha que vai ligar o sistema Mauro Borges com o sistema Meia Ponte”
“Este linhão, esta adutora, é para quando abaixar o nível do Meia Ponte, como ocorreu no ano passado. Nós temos muita água no Ribeirão João Leite, felizmente, e esta água vai para a Estação de Tratamento de Água do Meia Ponte já limpa e faz abastecimento”, explicou.
O político foi questionado sobre as obras de implantação da rede de esgoto em diferentes regiões da capital. Ele afirmou que, apesar da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Goiânia ter tido apenas a primeira etapa concluída, o esgoto deixou de ser jogado nos afluentes da capital.
“Nós fizemos só na região noroeste de Goiânia, 600 quilômetros de esgoto. Não é verdade que nada foi feito. Nós não tínhamos Estação de Tratamento de Esgoto quando eu entrei. Nós tínhamos duas estações em Goiás, e nós temos 90. Tudo que era coletado em Goiânia, que era muito pouco, era jogado no Rio Meia Ponte, no Córrego Botafogo. Com a construção da ETE, nós conseguimos conter isso”, disse.

Histórico

Marconi foi único governador de Goiás que comandou o estado por quatro mandatos. Ele foi eleito para estar à frente do Palácio das Esmeraldas em 1998, 2002, 2010 e 2014.
O tucano nasceu no dia 7 de março de 1963, em Goiânia. Ainda na infância mudou com a família para Palmeiras de Goiás, onde viveu até os 15 anos, quando retornou para a capital. Ele se formou como bacharel em direito e ingressou na carreira política como discípulo do ex-governador Henrique Santillo, de quem foi assessor especial. Ele é casado e pai de duas filhas.
Marconi iniciou sua trajetória no PMDB, em 1985, quando presidiu a ala jovem do partido. Em 1991, foi eleito deputado estadual. No ano seguinte, deixou a legenda e se filiou ao PST. Em 1995, foi eleito deputado federal pelo PPB/PP.
Em 1996, se filiou ao PSDB, onde continua até hoje. Em 1998, concorreu ao governo do estado e venceu Iris Rezende (PMDB) pela primeira vez. Em 2002, disputou a reeleição com Maguito Vilela (PMDB), quando também saiu vitorioso.
Em 2006, foi eleito senador por Goiás com 75% dos votos válidos. Marconi voltou a concorrer para governador em 2010, quando mais uma vez derrotou Iris Rezende. Em 2014, foi mais uma vez reeleito e consagrou sua terceira vitória sobre o peemedebista.
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