Quando o deputado federal Elias Vaz e a ex-senadora Lúcia Vânia se encontram, o que é cada vez mais raro, é um salamaleque impressionante. Mas em Brasília o jogo é mais terreno e menos “divino”. A cúpula nacional quer passar o controle do PSB em Goiás para o senador Jorge Kajuru — que não quer a presidência, porque não tem nenhum tino administrativo e não é dotado de capacidade diplomática para gerir conflitos (é o primeiro a explodir) — ou para o deputado federal Elias Vaz.
Não se trata de menosprezar Lúcia Vânia, que é uma figura política respeitada. Mas as regras de Brasília, do jogo do poder entre o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, não são para os mortais, quer dizer, para os que não têm mandato. Deputados e senadores são recebidos pelos ministros — como boa ou má vontade. Mas presidente de partido que não tem mandato é solenemente ignorado na ilha da fantasia-real que é Brasília. Lúcia Vânia, sem mandato, não consegue levar um prefeito num ministério. Já Elias Vaz e Jorge Kajuru, se quiserem, levam os 246 prefeitos de Goiás aos ministérios.
Há outra questão: Lúcia Vânia estaria tentando aproximar o PSB do governador Ronaldo Caiado — inclusive na reforma do secretariado, quando houver, ela é cotada para um cargo, possivelmente o de secretária da Educação. Mas Elias Vaz e Jorge Kajuru não querem saber de parceria política com Ronaldo Caiado porque têm projetos políticos bem diferentes.
Elias Vaz sugere que pode apoiar a vereadora Cristina Lopes para prefeita de Goiânia, desde que, como tem dito Jorge Kajuru, ela saia do PSDB. Mas a história não está bem cotada. O senador fala para quem quiser ouvir que o candidato será Elias Vaz e que ele, popularíssimo (pesquisas mostram-no em primeiro lugar para prefeito), vai apadrinhá-lo do primeiro ao último dia da campanha. Na verdade, Cristina Lopes deve ser vice de Elias Vaz. Por isso há quem recomende que se filie ao PPS.
Já em 2022, sobretudo se contribuir para eleger Elias Vaz em Goiânia, Jorge Kajuru pretende disputar o governo do Estado. Comenta-se que há um acordo para o empresário Benjamin Beze — um dos maiores donos de imóveis em Goiás — assumir quatro anos no Senado. Na prática, Jorge Kajuru só vai abrir espaço para Bezinho, de quem é amigo mas com quem vive às turras, se for eleito governador de Goiás.
O que Elias Vaz e Jorge Kajuru estão dizendo, com todas as letras — e é importante que sejam ouvidos com atenção, inclusive por Lúcia Vânia —, é que o jogo de 2020 e 2022 passam pelos dois. A ex-senadora talvez não esteja percebendo, mas está ficando fora do jogo. Quando “acordar”, será, além de ex-senadora, ex-presidente do PSB.
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