A Polícia Civil de Inhumas concluiu nesta
segunda-feira (22) uma investigação que culminou no indiciamento de dois
médicos pelo crime de homicídio culposo. A vítima era uma criança de 11
anos de idade que teria sofrido negligências e imprudências praticadas
durante atendimentos em uma unidade de saúde.
De acordo com o delegado responsável pelo caso,
Humberto Teófilo, os médicos teriam ignorado o quadro de saúde do
garoto. “Há provas robustas de que os sintomas apresentados pela vítima
foram ignorados pelos médicos, que não tomaram as precauções que lhe
eram exigíveis, pois, caso agissem com maior zelo, o evento morte teria
sido evitado”, afirmou. “Os médicos liberaram o paciente sem que
houvesse sua total e satisfatória recuperação agindo, assim,
culposamente.”
O delegado conta que o menino foi atendido na Unidade
de Pronto Atendimento (UPA) do município pela primeira vez no dia 26 de
dezembro. “Ele estava com um quadro de febre, dor de cabeça e dores no
corpo. Foram levantadas hipóteses, como enxaqueca ou dengue, mas mesmo
assim ele não recebeu o atendimento apropriado”, revela.
Sem a melhora no quadro da criança, ela foi levada à
mesma unidade novamente no dia 27. Foi atendida pelos mesmos médicos e,
mais uma vez, teria recebido um atendimento de forma negligente. Os
médicos teriam, inclusive, receitado que o menino fosse medicado com
Ibuprofeno, contraindicado em casos de dengue.
“Na madrugada do dia 28, por volta das 3h da
madrugada, ele foi levado mais uma vez para a UPA e houve a mesma
conduta”, conta Humberto. “Depois disso, por volta das 7 horas ele foi
levado a um hospital particular, de onde foi encaminhado ao Hospital
Materno Infantil [HMI]”, pontua.
Apesar dos cuidados recebidos na Unidade de Terapia
Intensiva (UTI), o menino acabou falecendo durante a madrugada entre os
dias 28 e 29 de dezembro. Até o momento, a causa exata da morte continua
indefinida, mas, segundo o delegado, está sendo investigada pela
Superintendência de Vigilância em Saúde.
Pela suspeita de negligência no atendimento da
vítima, os médicos foram indiciados por homicídio culposo e o caso foi
levado para o Conselho Regional de Medicinado Estado de Goiás (Cremego)
para que seja instaurado um procedimento ético-disciplinar. O inquérito
da Polícia Civil será encaminhado ao Ministério Público de Goiás (MPGO),
cujos promotores poderão requerer a prisão dos investigados.
Humberto Teófilo ressalta que chamou sua atenção
durante as investigações que as fichas de atendimento dos dias 27 e 28
de dezembro foram extraviadas da UPA. “Conseguimos as informações desses
atendimentos por meio de fotografias dessas fichas que nos foram
encaminhadas de forma anônima”, declarou o delegado.
Como não foi possível determinar a causa dos
extravios, ninguém será responsabilizado pelo desaparecimento das
potenciais provas.
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