quinta-feira, 16 de julho de 2015

“SER POLÍTICO NO BRASIL É DENEGRIR A IMAGEM DE QUALQUER PESSOA” Entrevista / Júnior Friboi


Dizendo-se “decepcionado” com a política e com a direção do PMDB goiano, o empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi, afirma que só decidirá sobre nova filiação partidária em 2017 e que não está certo sobre nova tentativa de candidatura. “A política está deteriorada. Hoje ser político no Brasil é denegrir a imagem de qualquer pessoa”, afirma.Dois anos e quatro meses depois de se filiar ao PMDB com intenção de disputar o governo de Goiás – com grande festa e presença de lideranças nacionais, incluindo o vice-presidente da República, Michel Temer –, Júnior confirma a decisão de não entrar com recurso contra a expulsão, decidida pelo Conselho de Ética do partido em Goiás no dia 22 de junho. Em entrevista, após um longo período de silêncio, ele prevê o encolhimento do PMDB goiano. “Eu acho que vai se esvaziar totalmente. Vai virar um partido nanico no Estado. Porque ninguém confia mais no partido”, diz. De férias fora do Brasil, com previsão de retorno em agosto, Júnior afirma que está focado nos negócios e deve ter pouca participação nas eleições municipais do ano que vem.Antes da expulsão por 4  votos a 2, o PMDB goiano ensaiou uma negociação, em que ele se desculparia com o partido por ter manifestado em carta apoio à reeleição do governador Marconi Perillo (PSDB), recusada por Júnior. Aliados e o advogado do empresário chegaram a dizer que ele recorreria ao diretório nacional e que teria respaldo de Temer para rever o processo, mas ele afirma que não houve tentativas de sua parte.Júnior diz lamentar a atitude do partido e o que “tem sido feito” com a legenda há 20 anos, com críticas ao controle exercido por parte do ex-governador Iris Rezende.
 O senhor desistiu de recorrer contra a expulsão do PMDB?
Aceitei a decisão (do Conselho de Ética). Não vou recorrer. Concordei.
 E o que achou do processo de expulsão?
Ah... Eu lamento. Não tem o que falar. É uma coisa que é sem explicação, né? Eu não tenho palavras para dizer sobre o que fizeram. Só lamento.
O sr. acha que o fato de ter escrito uma carta durante o período eleitoral dizendo que o melhor para Goiás era a reeleição do governador Marconi Perillo (PSDB) não representa uma traição ao partido?
Olha, não. Assim... O que eu tenho a dizer sobre isso... É tão difícil falar sobre isso. É tanta coisa. O certo é que eu achei que não devia recorrer porque foi decisão do partido e eu respeitei. Só isso. Eu não vou ser inconveniente dentro do partido. Não tenho muito o que dizer, não. Simplesmente concordei. Foi a melhor opção.
 Chegou a tentar negociar uma alteração da decisão em Brasília, inclusive com o Temer, que respaldou sua filiação em evento em Goiânia?
Não. Não adianta. Eu não quis tocar isso para Brasília. Eu preferi buscar outro caminho. Há tantos outros caminhos, né?
 E qual é o outro caminho?
Não sei. Ainda não sei. Vou pensar isso só em 2017.
 Até lá ficará sem partido?
Sem partido. Não vou filiar a partido nenhum. Se eu for filiar a algum partido, será somente em 2017.
 Desistiu então da política?
Praticamente. Eu não estou trabalhando na política, não estou em política, não tenho nada com política. Estou na área empresarial, com meus negócios. Eu quero observar daqui até setembro de 2017 para ver qual cenário haverá, como estará o quadro, se compensa tocar algum projeto político.
 Mas tem conversado com partidos? Não tem recebido convites para filiação depois de ser expulso do PMDB?
Muitos convidando, mas eu não tenho nada acertado com ninguém. Não estou conversando sobre isso agora. E não vou fechar antes de 2017.
 O sr. dizia ter o sonho de ser governador de Goiás. Não tem mais?
Eu tive mais. Já estive mais animado, tive mais vontade de contribuir com o Estado, de atuar na política. Mas as conjunturas do País, a conjuntura que está a política brasileira, de um modo geral... Eu preferi seguir o caminho empresarial. E vou observar isso até 2017.
 Como está a conjuntura, na sua avaliação?
É o que estamos vendo aí. Hoje o País está numa situação política muito complicada. Há uma crise política muito difícil. Muita denúncia, muita corrupção. A política está deteriorada como um todo. Então eu estou muito desanimado com isso. Mexer com política numa situação dessa não é fácil. Hoje ser político no Brasil é denegrir a imagem de qualquer pessoa. É muito difícil. Eu estou muito decepcionado. A verdade é essa.
 Então a decepção é com a política como um todo e não com o PMDB?
Primeiro não é com o PMDB, não. Não posso dizer que é com o PMDB. Estou decepcionado com a direção do PMDB. O PMDB foi muito solidário a mim. 95% do PMDB me apoiou muito. Eu não tenho nada a dizer do PMDB, do partido. O que me decepciona é o que a direção do partido vem fazendo com o PMDB há 20 anos.
 O que está fazendo?
Não quero falar disso. Todos sabem.
 Quando fala direção quer dizer o ex-governador Iris Rezende?
É o grupo do Iris. Não é só ele. É o grupo.
 E grupo que o sr. formou na política, seguirá qual caminho?
Eu não sei. Está todo mundo livre. Pelo que estou vendo nas notícias e ouvindo falar, estão saindo vários prefeitos do PMDB, vários do DEM (partido que se aliou ao PMDB nas eleições do ano passado). Eu acho é que o PMDB vai se esvaziar totalmente. Vai virar um partido nanico no Estado. Porque ninguém confia mais no partido. E lamento. Lamento certas decisões que estão tomando ainda pensando em poder no Estado.
O sr. vai participar da campanha eleitoral do ano que vem, nos municípios, em Goiânia?
Não, não. Como filiado, não. Pode ter um amigo ou outro que venha buscar meu apoio ou casos em que fiquei com compromissos porque alguns me apoiaram. Na política, você não termina os compromissos. Não acaba. Você sempre tem apoios a dar. Política sempre é uma troca. Alguma participação, não sei qual, pode haver. Mas sem partido. Não vou concorrer a nada. Se for pensar em concorrer, é em 2018. Para isso, só preciso filiar em 2017. Então para que eu vou fazer isso agora? Não faz sentido.
 Mas além da filiação, há um processo de busca de alianças, preparação de projeto, planejamento para a campanha.
(Interrompe) Gastar bastante, né?
 É?
Precisa gastar bastante (risos).
 Tudo isso pode ser feito só a um ano das eleições?
Lógico que dá.
 O sr. teve conversas com o governador ou lideranças da base após a expulsão?
Não. Eu acredito que a turma da base aliada quer falar comigo. Todos os partidos da base estão querendo falar comigo. Mas ainda não recebi ninguém.
 Mas, em 2018, se decidir disputar, será de oposição ou no grupo governista?
Não sei. Até lá tem tanta coisa para se fazer, para se passar. Eu não sei.
 "Eu acho que o PMDB vai se esvaziar totalmente. Vai virar um partido nanico no Estado. Porque ninguém confia mais.”
 "Já estive mais animado, já tive mais vontade de contribuir com o Estado, de atuar na política. Hoje estou muito desanimado.”
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