Há um mal-estar na base do governador Marconi Perillo? Há. É incontestável. O motivo é prosaico: a sete meses e 10 dias das eleições de outubro, o candidato a governador pelo PSDB, José Eliton, não deslanchou, permanecendo atrás do postulante do DEM, senador Ronaldo Caiado, e disputando o segundo lugar com o deputado federal Daniel Vilela. Os aliados do jovem político avaliam que, assim que assumir o governo, em 7 de abril, poderá impor seu estilo e, deste modo, se tornará mais conhecido da população. Noutras palavras, poderá ser avaliado com mais precisão pelos eleitores. É possível que cheguem à conclusão de que, sendo um gestor eficiente, é contraproducente trocá-lo. O eleitorado aprecia mudar, mas, em termos de cargos executivos, é frequentemente mais responsável do que quando está votando para cargos legislativos (dificilmente um Tiririca será eleito para gerir um governo, mas é reeleito, com facilidade, para deputado federal).
As primeiras críticas à candidatura de José Eliton foram feitas pelo presidente do PSD, Vilmar Rocha. Houve reações, apresentaram a defesa do vice-governador, mas sem nenhuma contundência. Embora continue conversando com o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Maguito Vilela e com o deputado federal Daniel Vilela, pré-candidato a governador pelo MDB, Vilmar Rocha permanece, a rigor, na base governista. No entanto, em nenhum momento afirma que vai apoiar a candidatura tucana — ou pelo menos a de José Eliton — para o governo. O PSD, partido do qual é presidente, chegou a sugerir dois nomes para a disputa — os empresários Otavinho Lage, de Goianésia, e Carlos Luciano, do grupo Novo Mundo. Nenhum deles demonstrou interesse decidido.
Mais recentemente, o presidente da Assembleia Legislativa, José Vitti — supostamente falando como “representante” dos candidatos a deputado —, cobrou “consolidação” da candidatura de José Eliton. Por mais que possa contestar as declarações anteriores, suavizando as críticas, o que fica é que há um certo desconforto na base. Ninguém diz claramente — exceto Vilmar Rocha — que está insatisfeito com os números de José Eliton nas pesquisas de intenção de voto. Mas há, sim, insatisfação. Se o candidato não crescer, se não enraizar na sociedade — apesar das centenas de obras em todos os municípios de Goiás (a capitalização não está ocorrendo) —, candidatos a deputado da base, que em tese são puxados pelas candidaturas majoritárias, mas quase sempre caminham à parte, terão dificuldade para se eleger.
A partir das críticas de Vilmar Rocha e José Vitti, o Jornal Opção ouviu vários líderes da base governista, de vários partidos, e perguntou: “Há um plano B definido?” A maioria disse que não há e que o candidato será mesmo José Eliton. “Não dá mais trocá-lo e ele vai assumir o governo daqui a alguns dias. Só dá para retirá-lo do páreo se ele quiser”, afirma um deputado federal. “Alexandre Baldy poderia ser o plano B, mas é preciso saber se quer mesmo disputar”, postula um prefeito. Há quem acredite na possibilidade de uma aliança com Maguito Vilela, mas não com Daniel Vilela, já no primeiro turno. “O que vale, em eleição, é ganhar, e não fazer figuração”, acrescenta um parlamentar federal.