Depois de três dias sem abastecimento, os postos do interior de Goiás começam a receber combustíveis. Os estabelecimentos ficaram sem o produto depois que um protesto contra a alta nos preços bloqueou entrada e saída das distribuidoras que enviam os carregamentos para todo o estado. A previsão é que a situação se normalize na sexta-feira (17).
Localizada a 55 km de Goiânia, Anápolis já apresenta situação
tranquila. Praticamente todos os postos já atuam dentro do esperado. Por
conta disso, não há mais filas. Para melhorar, é possível encontrar o
litro da gasolina a menos de R$ 4, considerado baixo para o atual
contexto.
Em Jataí, na região sudoeste os caminhões começaram a chegar aos
postos, deixando a população mais tranquila. "Primeira bomba que
apareceu já estou abastecendo para não ficar muito na reserva", diz o
encanador Luiz Antônio de Jesus.
Já em Rio Verde, na mesma região, ainda existem alguns postos fechados.
Alguns deles até retiraram os letreiros. Mas a situação já está melhor
do que há alguns dias.
Em Goiânia, a situação também já não é tão mais crítica. Porém, segundo
o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de
Goiás (Sindiposto), o preço deve continuar alto, já que houve um novo aumento. Na capital, em geral, o litro da gasolina sai a R$ 4,49.
Durante a manifestação, o Sindiposto informou que cerca de 60 cidades tiveram problemas de abastecimento, sendo que 15 delas chegaram ao ponto de não tem uma gota sequer de combustível.
Operação
O Procon-GO e a Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) deflagraram, no
início da tarde desta quinta-feira (16), uma operação para fiscalizar a
forma como os combustíveis são comercializados em Goiânia.
Os principais objetivos são: identificar se quantidade entregue ao
consumidor é a mesma paga por ele, se o lacre do Inmetro está intacto,
além da compatibilidade entre o volume de compra, venda e o declarado
para a Sefaz por meio de notas fiscais.
“O encerrante mede o acumulado de venda do posto, como se fosse o
odômetro do carro. Ou seja, vai acumulando. A gente pega e mede quantos
litros o posto vendeu, está acumulado lá. Aí todo o mês, ele é o
obrigado a fazer essa informação e comunicar para a Sefaz. A gente
confere o que está medido hoje, e o que ele enviou na última. A partir
daí vemos a quantidade que ele vendeu no período e verificamos se ele
emitiu nota fiscal de toda esta mercadoria, e vê também se ele comprou
esta mercadoria a partir de nota fiscal”, disse o fiscal da Sefaz.
A superintendente destacou que o consumidor que quiser denunciar
qualquer irregularidade pode entrar em contato com o Procon-Go pelo
telefone 151.
Protesto
O protesto contra o alto preço dos combustíveis começou na madrugada de
segunda-feira (13). Em três dias bloqueando a entrada e saída de
caminhões-tanque nos locais, segundo o sindicato, cerca de 12 milhões de
litros de combustíveis deixaram de circular. O Sindiposto estima que o
protesto causou um prejuízo de cerca de R$ 40 milhões ao setor. Os
locais foram liberados na noite de quarta-feira (15).
Após liminares, os manifestantes deixaram, na manhã de quarta-feira,
três dos sete polos de distribuição de combustíveis, sendo dois em
Senador Canedo e um em Goiânia. As outras foram desocupadas na parte da
tarde por ação policial e, às 22h, os manifestantes desbloquearam a
entrada de uma distribuidora, no Jardim Novo Mundo, na capital.
Apesar dos desbloqueios, segundo o Sindiposto, 90% das distribuidoras
não tiveram expediente em virtude do feriado. O restante conseguiu
carregar e liberar poucos caminhões carregados. Além de Goiás, as
distribuidoras também fornecem o produto para os estados de Mato Grosso,
Bahia e Tocantins.
Ação contra os postos
Por causa do preço do etanol, a Superintendência Estadual de Proteção
aos Direitos do Consumidor (Procon-GO) propôs uma ação contra 60 postos
de combustíveis suspeitos de aumento abusivo no valor do combustível.
Segundo o órgão, alguns estabelecimentos tiveram lucro de até 120% em
Goiânia.
O reajuste também influencia no valor da gasolina.“A elevação do etanol
sem justa causa está mantendo o preço da gasolina do jeito que está,
elevado desta forma por falta de opção do consumidor de buscar o outro
combustível”, afirma a superintende do Procon-GO, Darlene Araújo.
A Polícia Civil está investigando a formação de cartel entre postos de
combustíveis de Goiânia. Segundo a corporação, o processo está em
andamento na Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o
Consumidor. O Procon também acredita nessa prática.
ICMS
Os manifestantes reclamam do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS), que é de 30% para a gasolina e de 25% para o etanol.
Eles também protestam contra a prática de cartel entre os postos,
padronizando os preços. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP),
Goiânia tem o valor médio do litro da gasolina mais caro do país.
Em nota divulgada na segunda-feira, a Secretaria da Fazenda negou que o
aumento dos preços ocorreu por causa do ICMS cobrado dos postos.
"Embora a alíquota do ICMS de combustível seja aparentemente elevada,
ela está em linha com a tributação que diversos estados brasileiros
praticam. Grande parte deles cobra entre 25% e 31%".
Ainda de acordo com a secretaria, a "última alteração da alíquota de
gasolina fará dois anos em janeiro, que passou de 27% para 28%, mais os
2% de contribuição do Fundo Protege. De lá para cá, no entanto, vários
aumentos de preços foram repassados ao consumidor. Além disso, existem
diversos benefícios fiscais que diminuem a carga tributária do etanol
(25%), diesel (16%) e etanol anidro (que é misturado à gasolina). No
caso do etanol, a maioria das usinas também tem o benefício somado do
Produzir, resultando em carga tributária real entre 9% e 11%."
O representante do Sindiposto afirma que não existe essa prática
criminosa no setor. “Para ter cartel, tem que ter combinação prévia,
dolosa e com fim de manipular mercado. Até hoje nenhum dono de posto foi
condenado por cartel no estado de Goiás. Na Justiça não se prova a
combinação prévia, dolosa e com fim de manipular mercado”, justificou
Lima.
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