Observadores atentos da política de Goiás sugerem que, depois de
certo silêncio, o senador Ronaldo Caiado — pré-candidato a governador de
Goiás pelo DEM e tendo seu espaço nacional solapado pelo deputado
federal Jair Bolsonaro — retomou as críticas, sobretudo ao governo do
Estado. Há duas explicações para a mudança de conduta.
Primeiro, Ronaldo Caiado parece ter concluído, a partir de pesquisas,
que seu principal rival é o pré-candidato do PSDB a governador, José
Eliton. Porque o tucano, assumindo o governo em abril de 2018, ficará
mais conhecido e ampliará seus contatos com líderes políticos e com a
sociedade civil. A máquina, mesmo se não for usada eleitoralmente,
representa uma força política incontornável. Além disso, o
vice-governador tem o apoio do governador Marconi Perillo, do PSDB, que é
o maior articulador político do Estado, e uma base política que não
perde eleições há quase 20 anos.
Segundo, a polarização com o governo — quer dizer, com José Eliton —,
indica que Ronaldo Caiado usa a tática de, indiretamente, tentar
“retirar” o pré-candidato do PMDB, Daniel Vilela, do páreo.
Como decidiu que não é hora de “bater” em Daniel Vilela —
supostamente uma sugestão do prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB),
que ainda acredita numa aliança entre os dois políticos —, Ronaldo
Caiado optou por fazer o enfrentamento com o governo do Estado, com
críticas acerbas e frequentes. O recado é o seguinte: o senador, e não
Daniel Vilela, seria a “oposição de fato”, e não uma espécie de
“oposição consentida” (aliados do senador sugerem, nos bastidores, que o
pai de Daniel Vilela, Maguito Vilela, só falta ter uma sala no Palácio
das Esmeraldas, tal a relação cordial com os governistas, sobretudo com
Marconi Perillo).
Há quem diga que Ronaldo Caiado, na agora agá, vai desistir para
apoiar a candidatura de Daniel Vilela. O Jornal Opção tem ouvido alguns
de seus aliados, tanto no DEM quanto nos pequenos partidos. Nenhum deles
admite que o senador não será candidato a governador. Pelo contrário,
todos afirmam que o presidente do partido Democratas vai disputar o
governo — com ou sem o apoio do PMDB de Daniel Vilela e Maguito Vilela.
Acredita-se, entre militantes do DEM, que parte dos peemedebistas subirá
no palanque de Ronaldo Caiado. Samuel Belchior, ex-deputado estadual,
Paulo do Vale, prefeito de Rio Verde, e Luiz Carlos do Carmo, suplente
de senador (do líder democrata), devem apoiar a candidatura do senador.
Os prefeitos de Formosa, Ernesto Roller, e de Catalão, Adib Elias, estão
mais próximos do senador, mas afirmam que apoiam Daniel Vilela.
Curiosamente, Daniel Vilela também aposta que vai polarizar com José
Eliton, no segundo turno. Sua estratégia e suas táticas, portanto, não
diferem das de Ronaldo Caiado. Só resta saber quando os dois vão se
atacar. Às turras já andam.