A Saneago estuda abrir o capital da companhia até o início de 2018. A estratégia, inicialmente, será disponibilizar 25% do capital da empresa ao mercado, por meio de uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), com possibilidade de ampliar até o máximo de 49%, mantendo o Estado de Goiás no controle da empresa.
O objetivo é que o mercado de capitais venha contribuir com a estrutura financeira já consolidada da Saneago, aumentando a competitividade e acelerando o crescimento nos próximos anos. “Vai trazer, para a população, uma antecipação da universalização dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário”, ressaltou o diretor de Relação com Investidores, Regulação, Novos Negócios e Governança, Elie Chidiac.
Atualmente, a Saneago opera em 225 municípios goianos, com 96,7% de atendimento com água tratada e 55,7% de esgotamento sanitário. São mais de 2 milhões de unidades consumidoras de água e 1 milhão de esgoto. O trabalho contínuo resulta em crescimento de 4% e 8%, entre os respectivos indicadores.
O faturamento anual da Companhia é de R$ 2,2 bilhões e o patrimônio líquido de R$ 2,7 bilhões. Chidiac afirma que, com a abertura de capital, “estaríamos no patamar mais alto de governança e de gestão, resultando em maior previsibilidade, custo de capital muito mais barato para a Empresa, controle maior e uma gestão ainda mais profissionalizada”.
Neste ano, a Saneago deve investir R$ 300 milhões em obras de saneamento. Com o IPO, o valor pode subir para mais de R$ 650 milhões ao ano. “Abertura de capital não quer dizer privatização, não é venda do controle”, esclarece o Diretor. A intenção é manter a Saneago como uma empresa de economia mista, controlada pelo Governo de Goiás.
Maior segurança jurídica
A Saneago apresentou ao Ministério das Cidades a preocupação da companhia com a multi-regulação do setor e sugeriu a alteração na atual legislação para unificar a normatização dos serviços de saneamento básico no pais. No setor elétrico, a regulação é única, por meio da Aneel. Com a uniformidade da regulação nacional, há parâmetros, inclusive técnicos, para as normas que regulam o setor. No entanto, na área de saneamento básico, devido à concessão ser municipal, cada cidade, por direito, pode abrir sua própria agência para normatizar e fiscalizar a prestação do serviço.
Essas normas muitas vezes não atendem a critérios técnicos e comerciais, o que prejudica e onera a população, pois as companhias precisam diferenciar serviços e tarifas para atender a regulação municipal. A Saneago consegue manter a sua economia de escala porque tem eficiência na prestação de serviço e, também, porque adota, em todo o estado, uma metodologia de cobrança da tarifa, conhecida como subsídio cruzado.
“Se levarmos em conta que os rios e os mananciais são estaduais e federais, e que os sistemas de captação e de depuração passam por esses rios, essa metodologia de subsídio é uma forma mais justa de manter os sistemas equilibrados. Com a unificação das agências, a tarifa se mantém a mesma em todos os municípios, garantindo o equilíbrio, com modicidade tarifária e agilizando a universalização do saneamento dentro da área de concessão da companhia. A água é um dos ativos de soberania nacional e merece uma atenção especial do governo federal”, afirmou o diretor.
Em Goiás, a Saneago tem conseguido a unificação através da Agência Goiana de Regulação (AGR, que é estadual), mas o ideal seria que a própria União pudesse regular o setor do saneamento básico, oferecendo assim maior segurança jurídica para as companhias e investidores. “A unificação não vai eliminar as agências municipais. Pelo contrário. Elas vão continuar sendo o braço do regulador nacional e, ainda, receberão capacitação de gestão e até recursos financeiros, já que na maioria dos municípios há uma lacuna visível neste aspecto. Com critérios tecnológicos e comerciais bem definidos, as agências reguladoras locais poderão ser mais fortes e atuantes”, ressaltou Chidiac.
0 comentários:
Postar um comentário