quinta-feira, 7 de abril de 2016

HOMEM DEIXA EMPREGO PARA CUIDAR DA MULHER E DA FILHA DOENTES EM GOIÁS


O ex-gerente de uma rede de drogarias, André Gomes Barros, de 33 anos, teve de deixar o emprego, no Amazonas, para cuidar da mulher, que enfrenta um câncer de mama, e da filha de 1 ano, que nasceu com microcefalia e paralisia infantil, em Goiânia. A ideia era que Regina Ferreira de Lima, de 34 anos, tivesse o parto na capital goiana e voltasse para Coari, onde moravam. Porém, após o nascimento do bebê e da descoberta do nódulo, André abandonou o emprego e mudou-se para cuidar exclusivamente da família.
André recebia R$ 4,5 mil por mês e sustenta a família com ajuda de doações. O casal tem, além da bebê de 1 ano, outros dois filhos, de 9 e 13 anos. Atualmente, a família vive com dificuldades financeiras e tem problemas para comprar itens básicos como comida e remédio.
“Toda ajuda é bem vinda, inclusive os medicamentos, porque o governo não fornece nada para nós. Tudo que tem aqui em casa foi alguma pessoa que soube da nossa história e nos ajudou. Estamos na batalha. E o pior, eu não posso trabalhar, não é nem que eu não queira. Tenho saúde e vontade de trabalhar, Só que se eu sair para trabalhar, elas vão ficar sozinhas e isso não pode ocorrer”, disse.
O drama da família começou em junho de 2014, na 3ª gestação de Regina. Ela começou a ter problemas no 4º mês de gestação, sentindo muitas dores e perdendo líquido. Aconselhado por alguns amigos, decidiu mandar a mulher para Goiânia, local que ouviu ser "referência" no atendimento à saúde.
A criança nasceu prematura e com hidrocefalia, que é o acúmulo de água no cérebro. Por quatro meses, ela ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O diagnóstico da microcefalia e da paralisia infantil veio após a cirurgia do bebê.
Câncer da mulher
Paralelamente à doença da filha, Regina também começou a passar mal. Submetida a um exame, ficou constatado um nódulo maligno no seio. "O câncer veio de uma certa forma se espalhou pro fígado, pulmão e ossos. Assim que soube, tive que largar tudo e vir para Goiânia", conta André.
O desempregado se desdobra para dar conta de tudo. Com um carro emprestado, leva a mulher para fazer quimioterapia uma vez por semana na Santa Casa de Misericórdia de Goiânia. Além disso, também transporta a filha para atendimento no Centro de Reabilitação e Readaptação Doutor Henrique Santillo (Crer).
A família mora em uma casa no Setor Colorado, onde paga R$ 600 de aluguel. Há dois meses, o INSS liberou o auxílio-doença no valor de R$ 1 mil para Regina. No entanto, segundo André, as despesas são, em média, três vezes maiores que o benefício.
"Eu vivo de fé. Tenho que comprar alimentos, remédios, móveis, pagar aluguel. Tudo isso dá cerca de R$ 3 mil. As pessoas ficam sabendo da situação e nos ajudam. Mas não é uma coisa concreta. Às vezes têm e às vezes não", ressalta.
Apesar da dificuldade, Regina luta para não perder as forças. Com a filha mais nova no colo, ela se emociona. "Isso é o que mais me dói, o fato da minha filha ter uma dificuldade e eu não poder cuidar dela. São três crianças que dependem de mim e eu não posso fazer por elas. Só posso contar com o André mesmo", lamenta.
A Secretaria de Assistência Social de Goiânia (Semas) orientou André a procurar um Centro de Referencia de Assistência Social (Cras) mais próximo e se cadastrar em programas de inclusão social.
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